Reunião na Câmara discute prejuízos em mudar exploração do pré-sal 

É inócuo e inconveniente. Inócuo porque não vai ativar o mercado; e inconveniente porque trará prejuízo ao país. Com essa argumentação, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, convenceu os parlamentares da base aliada a retirarem as assinaturas do requerimento de urgência para votar, na Câmara dos Deputados, o projeto de DEM que muda o regime de partilha para o modelo de concessão na exploração do petróleo da camada do pré-sal.

Reunião na Câmara discute prejuízos em mudar exploração do pré-sal - Agência Brasil

A reunião, realizada na noite desta segunda-feira (21), entre o executivo da petrolífera e os parlamentares, foi considerada positiva pelo deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobras.

“Um projeto de tamanha importância não se discute com regime de urgência; e o regime de partilha sequer começou a produzir, não tem nenhuma avaliação ainda e já se quer mudar. Isso é mais os interesses das multinacionais que estão por trás do DEM, do PSDB”, avalia o deputado.

Ele comemorou a retirada das assinaturas dos líderes dos partidos da base do regime de urgência. “Houve convencimento geral de que é completamente inadequado e inócuo”, reforçou Magalhães, destacando que “seria um prejuízo enorme para o país, porque na partilha não só as receitas são maiores para o Estado como o produto extraído é de propriedade da União, portanto existe um controle infinitamente maior por parte da União da riqueza do petróleo e do gás natural.”

Desserviço ao país

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), também considerou “muito proveitosa” a reunião com Bendine e disse que a base aliada vai atuar nesta terça-feira (22) para retirar da pauta o requerimento que pede urgência para a votação do projeto no plenário da Câmara. “Não passaria nem por comissão, o que seria um desserviço ao país”, acrescentou o deputado Davidson Magalhães.

“É preciso cautela e houve essa compreensão por parte dos líderes. Vamos trabalhar para não votar essa urgência e, inclusive, dialogar com a oposição para deixarmos esse debate mais para frente”, declarou Guimarães.

Opinião semelhante expressou o líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (AC). “O presidente Bendine fez uma fala sucinta, didática e muito convincente, de modo que todos os líderes presentes aceitaram a sugestão de pedir a retirada do requerimento de urgência”, resumiu Sibá.

Para Davidson Magalhães, votar o projeto em regime de urgência “é uma tentativa de, aproveitando a crise econômica, a redução do preço do petróleo e a crise que passa a Petrobras, em função da Lava Jato, forçar a abertura da partilha para as multinacionais”, afirmou, confirmando as palavras do presidente da Petrobras:

“A situação econômica desfavorável torna imprudente esse tipo de discussão. Não queremos abrir um debate como esse no momento em que a empresa e a própria indústria vêm vivenciando no mundo, até porque os três modelos estão em vigor no país. Temos o modelo de concessões, de partilha e de cessão onerosa”, destacou o presidente da estatal.