Em meio a reclamações por falta de água, Sabesp lucra com multas

Entre janeiro e julho deste ano, o número de reclamações por falta de água na capital paulista aumentou 49% em relação ao mesmo período de 2014, chegando à marca de 153,8 mil protestos encaminhados à Sabesp. A pior situação é a de São Mateus, na zona leste, que teve aumento de 238% nas reclamações, indo de 1.405 para 4.750. Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação pelo site Fiquem Sabendo e revela que a chamada redução de pressão vem afetando cada vez mais pessoas na cidade.

Falta de água são paulo crise hídrica

As regiões da Sé, no centro, e do Ipiranga, zona sudeste, também tiveram aumento de reclamações por falta de água superiores a 200%. Na primeira foram registradas 2.375 queixas ante 7.792. Na última, 1.935 ante 5.834. As regiões, nesse caso, correspondem à área de distribuição de água da Sabesp, com 15 distritos, e não ao limite geográfico das 32 subprefeituras.

Porém, mesmo áreas consideradas nobres, como Jardins e Vila Mariana, na zona sul, tiveram aumento significativo nas denúncias de falta de água, indo de 2.965 reclamações, nos Jardins, para 6.469. Na Vila Mariana, foram de 2.626 para 5.665. Também duplicaram as queixas na Freguesia do Ó (noroeste), no Butantã (oeste).

O maior número de reclamações por conta das torneiras secas foi em Santana, na zona norte: 18.013.

Em nota, a Sabesp classificou como “previsível” o aumento das reclamações. “Com a redução da produção de água de 27% desde o início da crise hídrica, era previsível que o número de reclamações aumentasse no período. Nos meses de janeiro e fevereiro/2014, a produção de água se mantinha acima dos 71 m³/s e as ações para combater o desperdício ainda não tinham sido implantadas. Em julho/15, a produção caiu para 51,8 m³/s.”

A projeção de chuvas e da afluência (água que entra na represa) para o mês de setembro no Sistema Cantareira indica que os reservatórios devem iniciar outubro em condições piores do que em 2014. Segundo modelo criado por professores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), no melhor cenário – chovendo 25% acima da média para o mês – o Cantareira terá 11,1% de seu volume total, considerando a água do volume morto. Em outubro do ano passado, tinha 17,1%.

Em agosto, as precipitações ficaram 15% abaixo da média. Se o pior cenário prevalecer, com chuvas 25% abaixo da média, os reservatórios entrarão em outubro com 10,3%, o pior índice da história para o mês.

Sabesp bate recorde de arrecadação com multas 

A Sabesp informou na último dia 31, que os lucros gerados com as multas aplicadas no mês de julho bateram recordes. A sobretaxa de 50% na conta de água dos consumidores que não reduziram o uso da água com o colapso hídrico, começou a ser aplicada no mês de fevereiro deste ano. O lucro no mês de julho foi de R$ 54, 5 milhões. Em seis meses que a multa foi implementada, o lucro da estatal foi de 253,7 milhões de reais.