"Estamos sendo transparentes", diz Dilma sobre Orçamento

A presidenta Dilma Rousseff disse, nesta quarta-feira (2), que o Orçamento enviado ao Congresso, com previsão de déficit, mostra que o governo está sendo transparente. Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, ela afirmou que a sua gestão não fugirá da responsabilidade com as contas públicas e apresentará propostas ao Congresso para resolver a questão.

Dilma aplaude

"Estamos sendo transparentes e mostrando claramente que há um problema. Não fugiremos às nossas responsabilidades de propor uma solução. O que nós queremos, porque vivemos em um país democrático, é construir essa alternativa. Não estamos transferindo a responsabilidade de ninguém, porque ela sempre será nossa. Porém é importante destacar que iremos buscar, estamos avaliando todas as alternativas”, disse a presidenta.

Ao explicar o assunto, ela fez um paralelo com a gestão das contas de uma família. "A dona de casa, que tem de equilibrar o orçamento doméstico, discute com a família como ela vai fazer. Muitas vezes, encontra por parte da família boas sugestões. Não é algo que você deve fazer sem ouvir ninguém."

Na última segunda (31), o governo enviou ao Legislativo um projeto de Orçamento que prevê, pela primeira vez, gastos maiores que as receitas. A estimativa de déficit para o próximo ano é de R$ 30,5 bilhões, ou seja, 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Dilma reconheceu que a economia enfrenta dificuldades, em decorrência da queda de receitas, mas disse que o governo aposta na melhoria da situação por meio de investimentos em infraestrutura, energia e aumento nas exportações. Segundo ela, quando o cenário mudar, o governo poderá enviar ao Congresso uma adendo à proposta orçamentária.

“Iremos mandar quando acharmos que a discussão maturou. Quando acharmos que existem as condições para fazer isso, nós iremos mandar mais elementos para o Congresso”, acrescentou. Ela conversou com a imprensa ao final da cerimônia que recepcionou os 56 vencedores da WorldSkills, um torneio mundial de educação profissional.

Aos jornalistas, disse que não gosta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), mas não descarta nenhuma fonte de arrecadação de receitas. “Não gosto, se você quer saber. Acho que a CPMF tem as suas complicações, mas não estou afastando a necessidade de fontes de receita. Não estou afastando nenhuma fonte de receita, quero deixar isso claro, para depois, se houver a hipótese de a gente enviar essa fonte, nós enviaremos”, disse a presidenta.

Sobre a reforma administrativa anunciada pelo governo, defendeu que a medida tem mais impactos sobre a gestão que sobre a arrecadação. “O efeito da reforma é muito mais melhorar a gestão. E melhorar a gestão tem um efeito indireto sobre os recursos, qual seja, torna o governo mais ágil, facilita os investimentos, diminui a burocracia, é isso que queremos”.

Até o fim do mês, o governo vai anunciar o corte de dez dos 39 ministérios, além de redução no número de cargos comissionados e de outras medidas de redução de despesas de custeio.