Manuela d'Ávila: O paradoxo da "economia" governista

Mesmo na oposição, apresentamos sugestões viáveis ao governo para enfrentar a crise, como as propostas de utilização de percentual maior dos depósitos judiciais (e que os juros fossem suspensos sobre o uso dos depósitos) e para que o governo entrasse em juízo para garantir o refinanciamento da dívida.

Por Manuela d'Ávila*, no ZH

Manuela D'ávila

Queremos ajudar o Rio Grande, desde que o alvo dessa economia não seja a destruição da produção do conhecimento e das políticas publicas de Estado.

Com a extinção da Fundação Zoobotânica, que não se resume à concessão ou não do Zoológico, estará sendo aniquilada toda uma estrutura de pesquisa na área do meio ambiente. Se a Fundação do Esporte e Lazer do RS (Fundergs) acabar, políticas públicas de Esporte ficam comprometida, bem como o fim da Fundação Estadual de Produção e Pesquisa (Feep) afetará a área da Saúde. Nenhuma tem custo equivalente ao do Tribunal Militar (R$39 milhões). A Fundação Zoobotânica tem custo de R$28 milhões, a Fundergs R$3,5 milhões e a Fepps, R$ 26 milhões. Fizemos esforço pela extinção do Tribunal Militar, mas a proposta foi derrubada na Comissão de Constituição e Justiça pela base governista.

O que nós gaúchos nos perguntamos é qual a coerência deste discurso que propõe a extinção de espaços importantes para o meio ambiente, o esporte e a saúde mediante a manutenção de uma estrutura velha e superada como é o Tribunal Militar, que julga apenas 188 processos por ano? A Uergs é outra vítima deste sistema: dilapidam o patrimônio público e quando este não mais funciona, alegam sua falta de eficiência para justificar a privatização.

A matemática prova que a política deste governo é baseada no desmantelamento e não na economia. Destruir produção de conhecimento, ciência e políticas públicas que funcionam não faz sentido. Sabemos que a economia se desenvolve a medida que tecnologia e ciência se desenvolvem. Não temos como garantir a retomada do desenvolvimento com características próprias sem garantirmos a produção de conhecimento científico no Estado e, para isso, as fundações são fundamentais, assim como a Uergs.