Michael Moore traz à tona as falhas que o sistema tenta esconder

Ousado e sem nenhum receio de parecer intransigente, o diretor, roteirista, ator e escritor, Michael Moore, busca trazer à tona todas as falhas que o sistema norte-americano tenta, cada vez com menos sucesso, esconder. Sempre denunciando o impacto das grandes corporações na vida dos cidadãos estadunidenses, e por consequência, do resto do mundo, o diretor aborda temas que o governo daquele país prefere manter “debaixo do tapete”.

Por Mariana Serafini

Michael Moore - Reprodução

Michael Moore passou a “integrar” o sistema desde muito jovem. Aos 18 anos foi nomeado diretor de sua escola e se tornou um dos mais jovens funcionários públicos dos Estados Unidos. Já aos 22 fundou um dos diários alternativos mais respeitados do país, The Flint Voice, e em meados dos anos 1980 foi produtor, diretor e apresentador da série televisiva TV Nation, premiada com um Emmy. Este seria o começo de sua vasta obra repleta de críticas no cinema.

A denúncia de uma sociedade decadente e do falso discurso de democracia e liberdade move o trabalho de Michael Moore que tem admiradores incondicionais por todo o mundo e grandes inimigos declarados. Um de seus mais famosos filmes talvez seja Fahrenheit 9/11. Na obra ele aborda as causas e consequências do que ficou conhecido como “atentado de 11 de Setembro” nos Estados Unidos, usado posteriormente como argumento pelo país para invadir o Iraque. No documentário Moore também evidencia os vínculos entre as famílias do presidente George W. Bush e Osama Bin Laden.

O documentário mais recente do diretor é Capitalismo, uma história de amor, onde ele denuncia a crise financeira iniciada em 2007 nos Estados Unidos – na transição dos governos George w. Bush para Barack Obama – que hoje já atinge boa parte dos países do mundo. A obra analisa o impacto desastroso que o domínio das corporações tem na vida cotidiana dos cidadãos norte-americanos e questiona qual é o preço que os Estados Unidos pagam por seu “amor ao capitalismo”: mentiras, abusos, traição e 14 mil desempregados por dia.

É sabido que os serviços públicos não são o “forte” dos Estados Unidos e no filme SOS Saúde (SiCKO no título original) Michael Moore aborda a questão de seguridade social e saúde no país e revela as contradições entre riqueza e má qualidade de vida da maioria da população decorrente da desorganização dos setores de assistência médica pública, onde a lógica capitalista de manutenção de lucros privilegia a assistência médica privada. A prova de que a saúde pode ser pública e de qualidade vem quando o diretor leva pacientes que estavam tendo dificuldades para conseguir o tratamento adequado nos EUA para receberem a assistência em Cuba e tudo funciona perfeitamente bem.


Capa do filme SOS Saúde 

Já no documentário Tiros em Columbine Moore aborda as consequências da obsessão dos Estados Unidos pelas armas e faz essa relação com o Massacre de Columbine, que aconteceu em 1999 – quando dois estudantes atiraram contra colegas e professores deixando 13 mortos e mais de 20 feridos – e ficou mundialmente famoso.

Michael Moore também denunciou o trabalho análogo à escravidão de crianças na Indonésia, responsáveis por produzir produtos para a multinacional Nike, no documentário The Big One, lançado em 1997. Sua primeira “grande briga”, foi contra Roger Smith, presidente da General Motors, com o documentário Roger & Me, de 1989. O diretor narra sua aventura pessoal para tentar uma reunião com o empresário, cujo objetivo era questionar as demissões em massa feitas na cidade de Flint pela fábrica.

Música

A banda armênia-americana System Of a Down, famosa por suas músicas de cunho crítico contra a política imperialista norte-americana, teve o clipe de Boom! produzido pelo diretor. O vídeo foi feito com imagens dos protestos contra a guerra que aconteceram em todo o mundo no dia 15 de fevereiro de 2003.

Moore também dirigiu dois clipes da banda norte-americana Rage Against the Machine. O grupo liderado por Zack de la Rocha foi considerado um dos mais influentes na década de 90 por suas críticas contra o sistema. Durante a gravação de Sleep Now in the Fire o diretor foi detido pela polícia após tocar sem autorização e tentar entrar no prédio da Bolsa de Valores de Nova York. Já Testify foi produzido sem atropelos.

Prosa, Poesia & Arte traz algumas obras de Michael Moore na íntegra:

Fahrenheit 9/11

Capitalismo, uma história de amor

SOS Saúde
Boom! – System Of a Down

Sep Now in the Fire – Rage Against The Machine