Investigados do Carf optam pelo silêncio na CPI

Dois dos quatro convocados para depor nesta quinta-feira (27) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga denúncias de irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) apresentaram justificativas e não compareceram à comissão. Os outros dois optaram por não responder às perguntas dos membros da CPI.

Vanessa Grazziotin senadora PCdoB AM - Agência Senado

Os quatro convocados são ex-conselheiros do órgão e estavam amparados por habeas corpus concedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ex-presidente e conselheiro do Carf por dez anos, Edson Pereira Rodrigues, apresentou à CPI um atestado médico e não depôs ao colegiado. Já Alexandre Paes dos Santos, ex-conselheiro do Carf e sócio da empresa Davos Energia Ltda, investigada pela Operação Zelotes da Polícia Federal, informou ao colegiado que está fora do país.

Convocado pela segunda vez pela CPI, Jorge Victor Rodrigues, ex-conselheiro, criticou os trabalhos da comissão e da Polícia Federal na Zelotes. “Fiquei muito surpreso com a minha reconvocação. Não vi nenhum fato novo que justificasse. Estão sendo imputados a mim crimes dos quais não fui nem denunciado ainda”, disse Rodrigues. Ele propôs que a CPI enviasse as perguntas para que ele tomasse conhecimento e, depois disso, poderia falar à CPI em sessão reservada. A proposta não foi aceita pelo colegiado.

Após fazer várias perguntas e não obter respostas do ex-conselheiro, a relatora da CPI, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), criticou a postura do depoente. “O senhor está querendo fazer dessa CPI palco para sua defesa, mas não quer responder nada”, disse.

Estranhamente, o silêncio dos depoentes gerou tensão entre os parlamentares da oposição. O presidente da CPI, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), e o líder do PSDB e suplente da comissão, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) protagonizaram um bate-bocca acalorado. O senador paraibano criticou a forma como Oliveira pressionou um dos convocados. Já o presidente da CPI rebateu, dizendo que apesar dos habeas corpus do STF os membros do colegiado têm direito de inquirir os convocados.

Tem sido frequente na CPI os convocados comparecerem à comissão e ficarem calados. Na semana passada, por exemplo, os quatro depoentes, amparados por habeas corpus do STF, não responderam às perguntas dos senadores.