Juca Ferreira reafirma compromisso com indígenas

Em clima de festa, ao som de maracás e com apresentação de ritual indígena. Assim o ministro da Cultura, Juca Ferreira, foi recebido, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, na tarde deste sábado (15) para encerramento do Brasil Indígena: história, saberes e ações – 2º Fórum Nacional de Culturas Indígenas . Ao longo de uma semana, o evento reuniu mais de 200 lideranças indígenas que debateram políticas culturais para seus povos.

Juca Ferreira - MinC

Durante cerimônia de encerramento, o líder indígena cacique Raoni Metuktire fez um apelo para que as autoridades brasileiras sejam sensíveis às demandas desses povos. Entre elas, estão o direito à terra e o respeito a cultura. "Com invasão dos portugueses, começamos a deixar nossos lugares para portugueses e fomos nos afastando até que tivemos que parar para encarar a invasão. Esse é o nosso lugar. Preciso que as autoridades reconheçam e respeitem", disse. "Indígenas e não indígenas são nossos companheiros e nossos irmãos", acrescentou.
 
Na ocasião, o ministro recebeu uma carta com demandas e propostas de políticas voltadas aos povos indígenas. Juca Ferreira reforçou a necessidade de garantir os direitos, propôs "andar junto" na defesa dessa causa diante de outras instâncias do governo e comparou o Ministério da Cultura a uma porta aberta nesse quesito. "Não há possibilidade de pensar num Brasil democrático do século 21 sem que a sociedade assuma os direitos dos povos indígenas, sem respeito à diversidade humana brasileira", afirmou. "Quero estar ao lado de vocês nessa luta e sei que tenho possibilidade de ampliar  a sensibilidade  interna no governo", afirmou, e foi além: "O Brasil precisa garantir os direitos do povos indígenas. É preciso reconhecê-los e incorporá-los aos direitos da Nação".
 
Outro ponto abordado por Juca Ferreira foi a necessidade de ir além da preservação dos direitos tradicionais e garantir também direitos básicos como saúde e educação. Também lembrou  que é necessário, "além de preservar toda a  cultura que existia anteriormente, dar respostas às questões novas oriundas da sociedade global".
 
O ministro lembrou ainda que a questão indígena perdeu visibilidade ao longo dos anos e que é necessário retomar o rumo. Diante da grande onda conservadora que emerge na sociedade brasileira, Juca transmitiu uma mensagem otimista. "No segundo semestre do próximo ano, possivelmente, o Brasil volta a crescer e a pressão conservadora diminui. Temos oito meses para construir grande programa democrático, que tem que estabelecer novas alianças, em que caibam todos os que lutam pela democracia. Os indígenas não podem estar fora", avaliou.
 
A secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural, Ivana Bentes, lembrou que a atual gestão da pasta colocou a questão indígena no centro do Ministério da Cultura e também enfatizou o papel da instituição não apenas em apoiar esses povos, mas em ser "um interlocutor" com outras instâncias do governo. "O MinC é uma porta aberta para os índios acessarem outras políticas do governo", afirmou. 
 
Na ocasião, o diretor regional do Sesc de São Paulo, Danilo Miranda, defendeu a cultura como geradora de soluções e ações voltadas para o bem-estar da população. "Dois motores que transformam uma Nação são a cultura e a educação", disse. Miranda lembrou ainda que, há uma década, foi realizado, no Sesc, o Fórum Cultural Mundial, com a presença de várias etnias indígenas.
 
Além do ministro, participaram da cerimônia dois secretários do MinC: de Articulação Institucional, Vinícius Wu; da Cidadania e da Diversidade Cultural, Ivana Bentes; o diretor de Patrimônio Imaterial do Iphan, TT Catalão; a presidenta da Fundação Cultural Palmares, Cida Abreu; o diretor do Memorial dos Povos Indígenas, Álvaro Tukano, além de outros caciques e autoridades.