Maior mostra de cinema árabe no país comemora dez anos

A mostra Mundo Árabe de Cinema, que começou quarta-feira (12), comemora dez anos este ano, celebrando o diálogo da sétima arte com a literatura, a música e o teatro. A maior edição da mostra apresentará mais de 30 filmes sobre o universo árabe, em quase 100 exibições e com 20 atividades paralelas entre debates, exposição fotográfica e shows. O evento ocorre em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e Vitória até o dia 12 de setembro.

Cena do filme Lavoura Arcaica - Divulgação

“Os dez anos representaram a abertura de um espaço para o cinema árabe aqui no Brasil. Os países árabes têm uma história muito rica e de longa tradição cinematográfica dentro de diferentes modelos, como é o caso do Egito, que já tem uma indústria cinematográfica mais consolidada, até outros com cinema mais recente, principalmente com produções independentes”, disse o curador da mostra Geraldo Adriano Godoy de Campos.

Segundo ele, nesses dez anos de história, a mostra funcionou como uma espécie de “radar”, capturando e apresentando aos brasileiros o que estava ocorrendo nesses países. “Por meio dos filmes que foram sendo exibidos, o público conseguiu acompanhar um conjunto de transformações políticas, sociais e até as formas de produção cinematográfica [desses países]”, disse o curador. “O cinema mostra como são complexos esses países e multifacetados os conflitos que existem lá”, acrescentou.

A produção cinematográfica árabe é variada e, de acordo com o curador, precisa ser entendida por suas particularidades. “O cinema marroquino tem uma dinâmica de crescimento muito interessante. Ele tem consumo interno alto, assim como o Egito, que consome 80% do cinema que produz. O cinema palestino é feito por um povo em ocupação e é evidente que isso vai refletir na sua produção cinematográfica, seja pela questão temática, temporal e da diáspora, com vários diretores palestinos espalhados pelo mundo”.

Um dos destaques do evento é a exibição, pela primeira vez na história da mostra, de duas produções do Iêmen: o filme Indignação não tem muros, que concorreu ao Oscar no ano passado na categoria curta e apresenta as revoltas populares naquele país em março de 2011, e A casa das amoreiras, ambos da diretora Sara Ishaq. “Quanto mais a mostra cresce e se desenvolve, mais a gente conhece a singularidade de cada um desses cinemas”, ressaltou o curador.

A mostra deste ano foi dividida em quatro sessões. Uma delas é a que compara o cinema às outras expressões artísticas como a música, a literatura e o teatro. Outra é a tradicional Panorama do Mundo Árabe, que apresenta produções de diversos países dos últimos anos. Há também uma sessão especial sobre o Cinema Palestino, que agora será permanente na mostra, e a sessão Diálogo Árabe-Latino, que é a produção de diretores brasileiros sobre os países árabes ou a produção árabe sobre o Brasil.

O grande homenageado desta edição da mostra é o escritor Raduan Nassar, que neste ano completa 80 anos. Sua obra Lavoura Arcaica foi adaptada para o cinema em 2001 e exibida na mostra na última sexta-feira (14). A exibição do filme foi acompanhada de debate com o escritor Milton Hatoum.

A programação da 10ª Mostra Mundo Árabe de Cinema pode ser encontrada no site. Na página da mostra na internet, o público poderá ainda agendar os horários de filmes que pretende assistir e acompanhar a programação da Mostra Árabe por meio de um cadastro no próprio site.