"O respeito à instituição é fundamental”, diz Dilma em entrevista

Nesta quarta-feira (12), a presidenta Dilma Rousseff recebeu o repórter Kennedy Alencar, do SBT, no Palácio do Planalto, em Brasília, para uma entrevista exclusiva. Dilma disse que jamais cogitou renunciar ao cargo, afirmou que “a cultura do golpe existe” na sociedade brasileira, mas não crê que ela “tenha condições materiais de se realizar”.

Dilma - Foto: Reprodução

O jornalista iniciou a entrevista falando da manifestação puxada pelo movimento oposicionista no próximo domingo (16) e abordou ainda a negação do diálogo da oposição. A presidenta respondeu ser capaz de “conviver com as diferenças, as posições que não são aquelas que você deseja”. Afirma ser preciso evitar a intolerância, que vê aumentar no país. Na avaliação de Dilma, uma saída antecipada do poder “não se coaduna com a sociedade moderna” e poderia ser uma ameaça contra outros presidentes que venham a sucedê-la. “Esse respeito à instituição é fundamental. Não é para mim. Não é para meu caso. É para todos os presidentes que virão depois de mim. ”. (…) “Você não pode sistematicamente fazer isso com todos presidentes”.

“Eu acho que tem um processo de intolerância como não visto antes no Brasil, a não ser nos períodos passados quando se rompeu a democracia. O que não se pode é aceitar qualquer processo de rompimento dos valores democráticos. Um dos valores democráticos é: nós temos que conviver com pessoas que pensam diferente de nós. Nós temos de ser capazes de conviver com pessoas que têm times de futebol diferente, pensamentos políticos diferentes, religiosidade diferente”.

“Esse país teve, ao longo de sua história, toda uma tradição de aceitação das mais diferentes pessoas, das mais diferentes procedências. Pode interessar a grupos políticos muito específicos criar um clima de intolerância. Mas ele não vai durar também. Eu não acredito que ele vai durar”, ponderou.

Ao responder a questão da normalidade democrática. E se a presidenta pensou, em algum momento, em renunciar, Dilma lembrou que as elites, algumas vezes nesse país, foram intolerântes. "Foram muito intolerantes. Eu quero lembrar a frase síntese que o Lacerda dizia a respeito do Getúlio. “Não deve se eleger. Se se eleger, não deve tomar posse. Se tomar posse, não deve governar. Se governar, tem de ser destituído. ”

Ao ser questionada sobre o discurso da presidenta na campanha eleitoral e as medidas adotadas nestes primeiros seis meses do seu segundo mandato, Dilma contou que quando se iniciou a campanha eleitoral, “o Brasil era um. Hoje, o Brasil é outro. Durante a campanha eleitoral, houve uma série de mudanças no cenário econômico do Brasil e do mundo que ninguém esperava. Veja você que essas condições começam a se alterar”. (…) “Não foi só para o Brasil. Elas começam a se alterar a partir de agosto. Em agosto começa o início do fim do ciclo das commodities. É quando começa a cair o preço do petróleo, que até então estava 110 ou 100 dólares o barril. Cai violentamente neste período e até hoje o preço do minério de ferro. Até os alimentos têm uma queda vigorosa. Este fato impacta todos os países, principalmente, impacta os emergentes. “Eu tive a coragem de mudar, mesmo não querendo fazer e me comprometendo a não fazer”, afirmou.

Segue abaixo a íntegra da entrevista: