MP se recusa a investigar aeroporto de tio de Aécio Neves

O Ministério Público de Minas Gerais pediu pela segunda vez em menos de dois anos o arquivamento das investigações sobre o aeroporto construído pelo Estado em Cláudio, no centro-oeste mineiro, durante o governo de Aécio Neves (PSDB). O terreno utilizado na obra pertencia a um tio-avô do atual presidente do PSDB, hoje senador. O projeto, orçado em R$ 13,9 milhões, foi concluído em 2010.

Aécio Neves

Fato de desgaste para Aécio na campanha de 2014, o aeroporto ficava trancado e a chave em poder dos familiares do tucano, apesar da alegação de que a pista serviria a interesses empresariais da região. O aeroporto também não tinha homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar.

O último pedido para arquivar a investigação foi remetido ao Conselho do Ministério Público, que é formado pelo procurador-geral do Estado, o corregedor-geral e nove procuradores de justiça eleitos. Não há data para a decisão. O Ministério Público Federal também apura o caso.

No início do ano passado, a promotora Maria Elmira já havia solicitado ao conselho o arquivamento das investigações usando os argumentos da defesa encaminhada pelo próprio Governo do Estado, que entre 2002 e 2014 foi comando pelo PSDB, de que o aeroporto foi construído dentro de programa do governo estadual para "adequação, ampliação, melhoria e revitalização da malha aeroportuária do Estado".

Cláudio fica a 55 quilômetros de Divinópolis, que possui aeroporto com capacidade para pouso de aviões de grande porte. Para efeito de comparação, o principal aeroporto de Minas Gerais, Confins, está a 42 quilômetros da capital.

Erguido nas terras de Múcio Guimarães Tolentino, a 6 km do refúgio preferido de Aécio, a Fazenda da Mata, da família do senador tucano, o aeródromo custou R$ 14 milhões e foi feito no final do segundo mandato do tucano no governo mineiro.

O aeroporto, que operava sem homologação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), tinha uso privado. As chaves do local ficavam em poder dos familiares de Aécio, que precisavam ser consultados para liberar a utilização da pista.

Dono do terreno onde o aeroporto foi construído e da fazenda Santa Izabel, ao lado da pista, Múcio é irmão da avó de Aécio, Risoleta Tolentino Neves (1917-2003), que foi casada por 47 anos com Tancredo Neves (1910-1985).

Aécio nega que a obra tenha beneficiado seus familiares e afirma que o aeródromo contribuiu para o desenvolvimento de Cláudio, cidade de 30 mil habitantes.