Governo indica redefinição da base para garantir agenda positiva

A presidenta Dilma Rousseff realizou encontro com ministros ligados ao seu partido, o PT, na última quinta-feira (6). Segundo especulações da grande mídia, presidenta estaria criando as condições para redefinir a base do governo, diante do agravamento da crise política.

Por Dayane Santos

Dilma Temer e Mercadante 1 - Agência Brasil

A reação veio após o vice-presidente Michel Temer (PMDB), coordenador da articulação política junto ao Congresso Nacional, ter feito um apelo público pela união do país e pela governabilidade.

Na reunião, Dilma teria destacado o papel de Temer e ressaltado que o momento atual exige o empenho de todos os ministros. Assim como fez no encontro com os governadores, a presidente tem chamado a responsabilidade do conjunto das forças que compõe o governo a barrar a política do “quanto pior, melhor” que tem prevalecido nas votações do Congresso, prejudicando a retomada do crescimento econômico.

Participaram do encontro os ministros Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, José Eduardo Cardozo, da Justiça, Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação, Ricardo Berzoini, das Comunicações, e Jaques Wagner, da Defesa.

Algumas poucas vozes surgem em defesa de uma governabilidade baseada na rendição, que eles chamam de “diálogo” com a oposição tucana.

A mídia, para fortalecer a direita conservadora, também endossou a tese e cria factoides de uma suposta tentativa de “acordo” por parte de pessoas ligadas ao governo. Um desses factoides foi a justamente o apelo feito por Temer, em que a imprensa afirmou se tratar de uma tentativa do vice-presidente se “credenciar” como uma alternativa para a crise e um aceno à oposição.

“Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave, não tenho dúvida que é grave. E é grave porque há uma crise política se ensaiando, há uma crise econômica precisando ser ajustada. Mas para tanto é preciso contar com o Congresso Nacional, é preciso contar com os vários setores da nacionalidade brasileira”, disse Temer.

Apesar de sabermos que, felizmente, apenas meia-dúzia ainda caem nesse conto da sereia, não custa nada reafirmar que esse é o caminho da derrota. Sim, pois a oposição, particularmente o PSDB, não está preocupada com o Brasil, mas em dar um golpe contra o governo que impôs contra eles quatro derrotas consecutivas nas urnas.

Dilma, por sua vez, indica que vai recompor a base e especulações dão conta de uma possível reforma ministerial. Alguns parlamentares também apontam nessa direção. “E preciso definir mais criteriosamente o que é base e o que não é. A base precisa ser refeita, com critérios de fidelidade, de fidelidade dos ministros. Fizemos o ajuste fiscal, agora é preciso fazer o ajuste político. Tem que mudar muita coisa”, disse o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

Após o encontro com os ministros, Dilma se reuniu com o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para tratar das chamadas pautas-bombas que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prepara para aprovar.

Renan já afirmou que não haverá pauta-bomba no Senado. “O Congresso está colaborando com uma solução. Ontem mesmo nós nos reunimos com o ministro da Fazenda, cobramos uma agenda para reaquecer a economia e concluir o ajuste. O Congresso vai colaborar com o que for necessário”, disse Renan.

O rompimento político de Cunha e sua ida oficial para a oposição, já que em muitos momentos atuava como tal, também é um ingrediente que contribui fortemente para essa redefinição da base aliada.

Dilma também deve aumentar o número de viagens no país para reforçar a agenda positiva do governo. A presidenta marcou reunião da coordenação política para este domingo (9). O encontro, que costuma ocorrer todas as segundas-feiras, desta vez foi adiantado em decorrência da viagem que Dilma fará segunda-feira (10) a São Luís, no Maranhão, onde vai entregar unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida.