Deputada petista cobra investigação da Lava Jato em Minas Gerais

A deputada federal Margarida Salomão (PT-MG) cobrou, na terça-feira (4), uma postura isenta do Ministério Público e da Polícia Federal na apuração de denúncias de corrupção relacionadas à Operação Lava Jato, independente do estado ou partido envolvido.

Anastasia e Aécio

“A Lava Jato, ao desbravar a selva da corrupção brasileira, as deficiências das governanças, as más práticas empresariais na formação de cartel, deve fazê-lo em todas as unidades da federação em que isso tenha ocorrido ou, então, vamos realmente reduzir a operação a uma odiosa ação de perseguição política”, afirmou Margarida Salomão.

A deputada refere-se à denúncia feita pela reportagem da revista Carta Capital desta semana, que aponta a obra da Linha Verde, em Belo Horizonte, como um dos “fiapos soltos” nas ramificações da Lava Jato, pela Polícia Federal. A obra viária teve início em 2005, durante a gestão do ex-governador e atual senador Aécio Neves (PSDB-MG). De acordo com as investigações, os valores da empreitada foram acrescidos em 382%.

“Não há porque os órgãos investigativos terem dúvidas relativas às gestões do PSDB de Minas Gerais, tanto na época do Aécio, quanto na gestão Anastasia; a apuração deve ter o mesmo rigor ”, defendeu a deputada.

Durante busca e apreensão feita na casa do ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, foi encontrado um arquivo que detalha o relacionamento da construtora com os responsáveis por obras feitas durante os governos de Aécio e Anastasia, informa a reportagem.

No documento aparecem nomes de funcionários do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de Minas Gerais, do ex-secretário estadual de Transportes, Paulo Paiva e do secretário-adjunto, Fernando Janotti. Há ainda uma tabela de valores que totalizam R$ 34 milhões.

“Por que os nomes aparecem na planilha de Avancini? A que se referem os valores? Qual o motivo de insistir na revisão dos valores da obra? São perguntas ainda em aberto”, indaga a reportagem.

Ainda de acordo com a Carta Capital, a previsão inicial de custos da Linha Verde era R$ 99,9 milhões. “Em 2006, saltou para R$ 139,6 milhões”. O valor final foi de R$ 483 milhões.