TCU: Nardes, em 2008, não reprovou contas por atraso em repasses

O mesmo juiz foi relator das contas federais de 2008 e não viu irregularidades nas medidas do governo. Segundo matéria publicada pelo Estadão, na época o saldo de atraso era de R$ 506 milhões no Fundo Nacional de Assistência Social, responsável pelo benefício de Prestação Continuada, e de R$ 627 milhões no Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, administrado pela Caixa e precursor do programa Minha Casa Minha Vida.

Agora, novamente relator das contas, Nardes defende a reprovação das contas do governo. Essa contradição foi apontada na defesa apresentada pela Advocacia-Geral da União. No relatório de Nardes foram indicadas 13 supostas “distorções” nas contas de 2014, entre os quais o atraso nos repasses.

Para justificar tal contradição, Augusto Nardes tem dito a técnicos do TCU que o tribunal "evoluiu" nos últimos anos e que os auditores, hoje, têm mais instrumentos e "know-how" para levantar práticas e operações complexas do governo que antes não eram captadas.

Entretanto, o ex-ministro da Economia Antônio Delfim Netto argumentou neste domingo a prática das chamadas pedaladas fiscais é recorrente há muitos anos pelo governo federal. "Que fique claro: houve pedalada, isso é indiscutível. Mas usar as pedaladas para fazer impeachment é golpe. Governo patinar por três anos é melhor do que isso", afirmou Delfim. "As pedaladas vêm desde antes do Fernando (FHC). Todas as contas federais contam com práticas assim", completou.