Apesar da crise, mercado nacional se mantém aquecido e competitivo

Nem só de notícias ruins sobrevive a economia nacional. Apesar da crise econômica, alguns setores divulgaram dados positivos sobre o último semestre em relação ao ano passado. Notícias boas que raramente ganham destaque na mídia tradicional, mais interessada em amplificar o cenário de crise. No comércio, por exemplo, a rede de lojas Riachuelo e a marca de calçados Grendene apresentaram perspectivas otimistas para 2015.

Aeroporto lotado - Divulgação

Dona de um faturamento de R$ 7 bilhões anuais, a Riachuelo deverá abrir mais 40 lojas até o final do ano, já a Grendene teve aumento no lucro de 32,4% no primeiro semestre, atingindo R$ 223,7 milhões, segundo balanço divulgado no dia 24 de julho. No comércio, o varejo em São Paulo foi o único segmento que registrou crescimento de emprego, segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).

Cinemas, viagens aéreas e hotéis também tiveram bom desempenho. O semestre contabilizou o maior crescimento do setor de cinemas, com aumento de 5% no público e 12,5% na bilheteria. As viagens de avião pelo país tiveram alta de 3,8% e as viagens internacionais tiveram um aumento ainda mais expressivo: de 13,1%, segundo a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear). As empresas avaliadas no levantamento são Tam, Gol, Avianca e Azul. No ramo de hotéis, a rede executiva Pullman, do grupo Accor Hotels, comemorou saldo positivo nos registros do último semestre.

O setor industrial, um dos mais afetados pela crise, também vem dando sinais de recuperação. Segundo relatório da FGV, a confiança dos empresários da indústria no Brasil teve a primeira alta em cinco meses, com crescimento de 0,6%. No Mato Grosso do Sul, a federação das indústrias do estado (Fiems) informou que irá investir R$ 34 bilhões em 10 municípios do estado, com ampliação das indústrias de celulose. E, apesar da má fase do setor automotivo, as montadoras não planejam desacelerar os investimentos. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os planos de negócios da Ford e da FCA (Ford Chrysler Automobile) estão garantidos até 2016.

A Toyota do Brasil comemorou um crescimento das vendas de 3% no semestre. E, nesta semana, a GM anunciou investimentos da ordem de R$ 13 bilhões na criação de uma nova família de automóveis para o mercado – anúncio realizado quase que simultaneamente ao comunicado de 519 demissões de sua unidade de São Caetano do Sul, em São Paulo, alegando que os cortes se deviam a uma reformulação necessária provocada pela crise econômica. Os demitidos estão há quase 20 dias acampados em frente à fábrica sem nenhum sinal de negociação à vista.

A multinacional alemã ThyssenKrupp, que atua em diversos setores da economia no país (aço, elevadores e autopeças), manterá inalterados os investimentos da ordem de R$ 2 bi previstos até 2020, conforme declarou ao jornal Valor Econômico o presidente mundial do grupo, Heinrich Hiesinger. A atividade do porto de Santos também está aquecida. Neste primeiro semestre, a movimentação de cargas registrou um aumento de 4,4% em relação ao mesmo período do ano passado – um recorde histórico para um primeiro semestre, batendo o ano de 2013.

No campo dos investimentos, é para se comemorar a informação divulgada na Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento (Cnucd), que se realizou na Etiópia este mês: o Brasil subiu duas posições e terminou 2014 como o 5º maior destino de investimentos estrangeiros diretos no mundo, superando todos os países europeus. O volume de recursos estrangeiros investidos no Brasil teve uma queda de 4% entre 2013 e 2014 – índice leve se levarmos em conta a redução de 8% (o dobro!) ocorrida nos países europeus, segundo o estudo da ONU.