SP: Ciclistas da periferia pedem expansão da malha de ciclovias

Em São Paulo, quando o prefeito Fernando Haddad começou a criar espaços para a circulação exclusiva de bicicletas, as ciclovias foram alvo de críticas por parte de quem acha que os automóveis perderam lugar, principalmente nos bairros mais nobres da capital. Já nas periferias, onde a bicicleta é um meio de transporte importante, a população pede mais ciclovias. Por lá tem muita gente que já trocou o ônibus, e até o carro, pela bicicleta.

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A diarista Roseli Campos, que há cinco meses escolheu a bicicleta, conta os problemas que enfrentava com o transporte coletivo: "Às vezes saia do serviço às 17 horas e chegava em casa às 20h30, por causa do trânsito". Ela e o marido, Carlos, pedalam cerca de 36 quilômetros por dia, para ir e voltar do trabalho.

O casal observa ganhos em saúde e bem-estar depois da adoção das bicicletas. "Me sinto muito mais disposta", diz Roseli. Carlos, que é motorista, chegou a ser afastado do trabalho por problemas psicológicos decorrentes do estresse do trânsito, chegando a tomar mais de 18 comprimidos de calmante por dia. "Depois que aderi à bike, consegui evitar esses comprimidos, até ter alta do tratamento."

Carlos e Roseli pedalam a maior parte do trajeto até o trabalho em meio ao trânsito. Se arriscam entre carros e pedestres e reclamam da falta de respeito dos motoristas. "Eles não respeitam os ciclistas de maneira nenhuma." Para eles, a demarcação de espaços exclusivos para as bicicletas garantiria maior segurança.

A região norte de São Paulo é onde se concentra o maior número de acidentes com ciclistas, devido à baixa malha cicloviária. Na avenida Inajar de Souza, por exemplo, uma das principais da zona norte, circulam por dia mais de 1.400 ciclistas.

"O pessoal da periferia hoje, inevitavelmente, precisa se deslocar até o centro, então são muitos quilômetros", destaca Roberson Miguel, do coletivo Ciclo ZN, que pede mais ciclovias. "Para São Paulo passar a ser um pouco mais interligada por bicicletas, no mínimo mil quilômetros seria o ideal, para começar."

São Paulo tem hoje 330 quilômetros de ciclovias. O prefeito Fernando Haddad prevê concluir cerca de 500 quilômetros até o fim do mandato.

Sem retrocesso

As ciclovias poderão voltar a ser construídas na capital paulista. A decisão é da 1ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo. Para o colegiado, o Poder Judiciário não deve entrar no mérito administrativo da execução de projetos e qualquer reforma ou ajuste é problema da própria prefeitura.

O MP alegou que a implantação do sistema cicloviário em São Paulo não poderia ter ocorrido sem estudos técnicos “profundos e detalhados.O MP alegou que a implantação do sistema cicloviário em São Paulo não poderia ter ocorrido sem estudos técnicos “profundos e detalhados. A ação que buscava a suspensão das obras na capital paulista foi movida pelo Ministério Público do estado. A decisão reforma entendimento anterior que havia impedido a construção de novas ciclovias.