Audiência em Natal aponta ilegalidades em contratos de terceirização 

Dirigentes de centrais sindicais relataram, em audiência pública nesta quarta-feira (22), em Natal (RN), problemas causados pela terceirização no estado. O debate faz parte de um ciclo promovido pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado para discutir o projeto de regulamentação da terceirização em tramitação na Casa. 

Audiência em Natal aponta ilegalidades em contratos de terceirização

Representantes do Ministério Público do Trabalho denunciaram casos de mortes e outros problemas graves, inclusive para empresários e microempresários, devido ao avanço da terceirização e à precarização do trabalho.

De acordo com informações do MPT, tomando como base levantamentos da Receita Federal, empresas são criadas, conseguem contratos — inclusive com governos —, desrespeitam as leis, perdem as certidões negativas de débitos e, não conseguindo mais contratos, abandonam os trabalhadores contratados.

O senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da CDH, confirmou seu posicionamento pela rejeição do projeto, que, entre outras mudanças, amplia a possibilidade da terceirização para as atividades-fim. Ele apoia a apresentação de um projeto alternativo apenas para regulamentar a situação dos trabalhadores que já são terceirizados hoje.

“Jurei que vou a cada estado do Brasil para fazer essa luta”, disse o senador, anunciando que o ciclo continua nesta quinta-feira (23) com uma audiência pública na Assembleia Legislativa da Paraíba.

Prós e contras

O empresário Ricardo Benedito, representante da Associação Seridoense de Confecções, argumentou que há casos positivos de terceirização, como na região do Seridó, onde indústrias do tecido garantiriam mais de 20 mil empregos pelo Programa Pró-Sertão. Ele pediu que a terceirização não seja “vedada” por completo.

Joaquim Bezerra, representante da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), rebateu a fala do empresário, afirmando que a precarização é muito pior do que os empregos que possam ser perdidos.

“Não é expandir esses 20 mil empregos sob escravidão que queremos. Queremos é trabalho digno. Não é estar com bolso vazio antes do fim do mês. Digo porque sou Seridoense e conheço”, disse Joaquim, que acrescentou que empresas terceirizadas também praticam trabalho análogo à escravidão no estado.