Parlamentares saúdam UNE na posse da nova diretoria  

Parlamentares e lideranças dos movimentos sociais saudaram a nova diretoria da União Nacional dos Estudantes (UNE) que tomou posse, nesta terça-feira (14), em ato político na Câmara dos Deputados. A nova presidenta da entidade, Carina Vitral, estudante de Economia da PUC-SP, fez um discurso inicial reafirmando a disposição de luta dos estudantes em defesa da democracia e da educação; e os parlamentares destacaram o importante papel da entidade nas conquistas do povo e da educação brasileira. 

Parlamentares saúdam UNE na posse da nova diretoria - Marcelo Favaretti

Carina Vitral destacou que o movimento estudantil não deixará que a educação pague a conta da crise econômica, nem permitirá que os tucanos, por intermédio do senador José Serra (SP) retirem a Petrobras da condição de operadora única da exploração do petróleo, prejudicando não apenas o projeto de desenvolvimento nacional, mas especialmente a educação, para a qual está reservada parcela dos recursos do pré-sal.

A nova dirigente da UNE disse ainda que inicia um novo ciclo na luta por um Brasil mais justo e que vai honrar a história de luta de todos que passaram pela UNE. “Nessa sala, várias pessoas passaram pela escola do movimento estudantil”, disse, citando a geração da fundação da UNE; da campanha do “O Petróleo é nosso”; da UNE volante, representado por Aldo Arantes; da que resistiu a ditadura militar; da campanha “Fora Collor”, de Lindbergh Farias (hoje senador pelo PT do Rio de Janeiro) e Orlando Silva (atualmente deputado federal pelo PCdoB de São Paulo); da resistência às privatizações, da democratização das universidades.

“Todas duras conquistas obtidas com muita luta”, disse, acrescentando que “o que conquistamos foi bom, mas queremos mais”.

Luta necessária e atual

Muitos dos ex-presidentes da UNE, que são hoje parlamentares, compareceram ao ato de posse para saudar as novas gerações do movimento estudantil, manifestar apoio e conclamar os estudantes a continuarem na luta necessária e atual por um Brasil mais justo.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), ao fazer sua saudação à nova diretoria da UNE, desejou sucesso e força na luta e destacou que a diretoria da UNE tem hoje a cara do Brasil – com mulheres e negros –, o que que faz parte de uma conquista história do presidente Lula que abriu o ensino superior para toda a juventude.

Toda a bancada do PCdoB, que tem a maioria dos seus representantes ligados ao movimento estudantil, esteve presente ao ato. E cada um deixou uma mensagem de agradecimento, apoio e admiração pela luta do movimento estudantil. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse que “um dos patrimônios do Brasil é a UNE, que sempre será um motor de transformação e segurar o Brasil pelo caminho certo.”

Os deputados Daniel Almeida e Alice Portugal, ambos do PCdoB da Bahia, também destacaram a luta que empreenderam no parlamento, com a ajuda da UNE, em favor da educação. A líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ) também destacou o importante papel da entidade e dos estudantes na obtenção de avanços para a sociedade brasileira.

Momentos decisivos

O senador Lindberg Farias (PT-RJ) citou nominalmente as deputadas a Luciana Santos (PCdoB-PE, hoje presidenta nacional do partido), Luizianne Lins (PT-CE), Wadson Ribeiro (PCdoB-MG), Orlando Silva e Aldo Arantes como exemplos de líderes que enfrentaram grandes lutas á frente da entidade. E destacou que a nova diretoria está assumindo a entidade em um momento complicado no país, mas são nos momentos decisivos que os estudantes saíram as ruas em defesa do país. E conclamou os estudantes a fazer frente contra todos os golpes em curso.

O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) criticou também os golpes em curso, citando a redução da maioridade penal, afirmando que “nós queremos nossa juventude nos bancos escolares e não no banco dos réus.” E agradeceu a energia da juventude “para lutar por boas causas que nos coloca juntos e nas ruas.”

De mulher prá mulher

A nova diretoria da UNE foi eleita no 54º Congresso da entidade, ocorrido em junho, em Goiânia (GO), que reuniu mais de seis mil jovens. A nova presidenta Carina Vitral sucede a Vic Barros. Essa foi a primeira vez que houve uma sucessão entre mulheres na entidade, o que reflete o empoderamento da mulher que ocorre no movimento estudantil e fortalecimento do feminismo na UNE.

Vic Barros, que passou o cargo para Carina Vitral, disse que no momento em que o discurso do ódio perdeu a vergonha de mostrar a cara – o ódio contra a democracia, contra a política etc – o espaço do movimento estudantil é espaço para declarar o amor – “amor pelo Brasil e pelo povo brasileiro”, disse, anunciando que “maiores vitórias ainda estão por vir.”

Os estudantes, que sempre pautaram seus eventos e manifestações com palavras de ordem, saudaram a ex-presidente com o grito de “A Vic foi prá gente/ Excelente presidente.”

Outras palavras

A presidenta da União Brasileira de Mulheres (UBM), Lúcia Rincon, convidada a discursar no evento, destacou que as mulheres da UNE estão, ao lado de todos os homens, em defesa da democracia. E que o avanço da sociedade interessa ao conjunto das mulheres e homens. A representante da Uniãod a juventude Socialista (UJS), Marai das Neves, foi convidada a entregar à nova diretora da UNE a camiseta d a Marcha das Margaridas.

Também Aldo Arantes, ex-presidente da UNE e representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), foi chamado a discursar, ocasião em que destacou o histórico de luta da UNE em defesa da democracia e chamando a entidade a novamente se engajar nessa luta para deter a ameaça de um golpe contra o governo da presidenta Dilma Rousseff. “Vamos nos unir em uma grande frente em defesa do segundo mandato da presidenta Dilma”, propôs Arantes.

O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Lehe, também conclamou os estudantes a manter acesa a chama da luta pela educação pública brasileira. Ele disse que os estudantes protagonizam páginas fundamentais para a universidade brasileira e em favor da democracia, anunciando que a universidade não vai vacilar na defesa da democracia e na luta pelos trabalhadores do campo e da cidade.