CPI do Carf convoca investigados por desvios de R$ 6 bilhões

Em reunião nesta terça-feira (14), a CPI do Carf aprovou uma série de requerimentos convocando para depor representantes de empresas e de escritórios de advocacia e de contabilidade. No total, serão mais de 20 pessoas ouvidas, entre elas presidentes de grandes empresas e advogados. Serão convocados ainda servidores investigados pelo envolvimento no esquema que desviou cerca de R$ 6 bilhões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Por solicitação de José Pimentel (PT-CE), foram convocados os presidentes do HSBC no Brasil, da Boston Negócios, da Indústria Irmãos Júlio, da Mundial S.A. e do Grupo Penha. De acordo com lista divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, todas essas empresas, além de outras credoras da União em processos conduzidos na Receita, teriam feito parte do esquema de suborno a integrantes do Carf, que manipularam processos com o objetivo de reduzir multas.

"No caso do HSBC por exemplo, a Polícia Federal identificou depósitos do banco para a SGR Consultoria Empresarial, que é uma das investigadas por intermediar o pagamento de propina a conselheiros do Carf", citou Pimentel.

Também a pedido do senador, foram convocados Jeferson Salazar, que é ex-auditor fiscal da Receita Federal; Antonio Lisboa e Valmar Fonseca, conselheiros titulares do Carf.

Por solicitação da relatora da CPI, Vanessa Graziottin (PCdoB-AM), foram convocados representantes das empresas Alfa Atenas e Planeja Assessoria. Segundo a senadora, ambas foram citadas nas investigações em curso.

Já por requerimento do presidente da CPI, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), foram convocadas outras 12 pessoas, entre elas Cristina Mautoni, Flávio Rogério da Silva, Hugo Borges e Maurício Taveira.

Cristina Mautoni é sócia da empresa Marcondes & Mautoni Empreendimentos, investigada por suposto envolvimento na manipulação do julgamento da Mitsubishi no Carf. Taveira, representante do Fisco, é suspeito de ter sido cooptado neste caso. Já Rogério da Silva e Borges seriam ligados a José Ricardo Silva, ex-conselheiro do órgão e alvo das investigações.

Ainda por solicitação de Ataídes Oliveira foi requerida à 10ª Vara Federal do DF o compartilhamento, com urgência, de todos os documentos em posse da Polícia Federal relacionados à Operação Zelotes.

A CPI foi criada para investigar possíveis irregularidades no Carf. Investigado pela Operação Zelotes, deflagrada em março pela Polícia Federal, o Carf julga recursos de multas impostas a contribuintes pelo Fisco. O órgão está no centro de um esquema de redução e de cancelamento de multas por meio de pagamento de propina a conselheiros do órgão.