Jorge Mautner transforma sua primeira viagem a Cuba em documentário

No ano passado o músico brasileiro Jorge Mautner fez sua primeira visita à Cuba. “Já que eu estava indo pela primeira vez, resolvi fazer um filme”, conta. Mautner convidou o diretor uruguaio radicado no Rio de Janeiro, Guillermo Planel, para registrar seus passos na ilha socialista.

Jorge Mautner - Divulgação

A câmera de Planel flagrou-o tocando e cantando músicas de Roberto Carlos com cubanos em praça pública; apresentando-se ao lado de Bem Gil, ao violão, em um palco tradicional; travando contato com o ritual da Santeria, assim como visitando sinagogas.

Mautner em Cuba
, que tem duração de 75 minutos é o segundo documentário sobre Mautner – o primeiro foi Jorge Mautner – O filho do holocausto (2013), de Pedro Bial.

Devido à produção em Cuba, Mautner foi convidado para participar do 1º Inverno das Artes da Fundação Clóvis Salgado , em Belo Horizonte e contar um pouco de sua obra. “Como faço isso 25 horas por dia, é o maior divertimento”, brincou o músico.

Para este encontro com o público mineiro, o autor de 'Maracatu atômico' escolheu um tema recorrente em sua obra e em suas reflexões: o Brasil. Mautner exalta sua terra natal sem qualquer pudor ou controle e mistura suas afirmações com referências ao livro Kaos, que ele publicou em 1963. “O mais importante é o povo brasileiro, que tem esse amálgama que vai além do multiculturalismo”, afirma.

Seu discurso passa pela filosofia, antropologia, história, religião, literatura, política e a até neurociência, uma nova paixão. Mautner entende que, em seu Manifesto comunista, Karl Marx associa as grandes transformações da humanidade com a comunicação. Para o músico, na velocidade que o mundo caminha hoje, está claro o quanto cada notícia carrega com ela uma carga de emoção. Por isso, ele encara com naturalidade a atual onda de conservadorismo na política brasileira. “Tem que haver uma onda contrária porque, senão, não tem graça.”

Ele classifica como uma grande vitória a aprovação, nos Estados Unidos, do casamento gay em todo o país. “Mas isso tudo faz parte da democracia. O que acho que falta por aqui é instrução pública para todo mundo”, diz. Para fundamentar a ideia, lembra Tom Jobim e Bertolt Brecht. Se o autor de Águas de março acreditava que o Brasil não era para principiantes, do dramaturgo alemão ele cita uma frase famosa: “O problema daqueles que não querem saber de política é que acabam sendo vítimas daqueles que só querem saber de política”.

Assista ao trailer do documentário: