Brasil e Rússia decidem aprofundar cooperação em ciência e tecnologia

No primeiro dia da agenda oficial da presidenta Dilma Rousseff na 7ª Cúpula dos Brics, nesta quarta-feira (8), o ministro Aldo Rebelo participou de reunião entre Dilma, o presidente russo, Vladimir Putin, e ministros na cidade russa de Ufá. No encontro, os presidentes abordaram o tema da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) e a importância de ampliar a cooperação na área.

Dilma destacou que a área científico-tecnológica é hoje um dos elementos propulsores da relação com a Rússia. Ela recordou que, em 2004, foi estabelecida uma parceria estratégica nesse setor entre os dois governos.

"Para nós, são prioridades importantes, na nossa relação bilateral, a adesão à missão Aster; a cooperação comercial e na área de parceria sobre lançamento de satélite", enfatizou. A primeira Missão Brasileira de Espaço Profundo (Aster) é um projeto multi-institucional da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI). Seu objetivo principal é a construção de uma sonda espacial de pequeno porte para explorar o asteroide triplo 2001SN263, descoberto em 2008 na região entre Marte e Júpiter. A presidenta acrescentou que o ministro Aldo Rebelo está buscando aproximar as áreas científicas dos dois países. 

Foram tratados pontos como a participação brasileira nas estações de calibração do sistema russo de posicionamento e navegação, denominadas Glonass; a parceria para a instalação de uma estação para o monitoramento de resíduos espaciais; e a cooperação entre parques tecnológicos das duas partes. Esses assuntos foram abordados previamente em viagem do titular do MCTI a Moscou em junho. A reunião de hoje discutiu, ainda, a possibilidade de trabalho conjunto na área de energia atômica e no desenvolvimento de satélites e veículos lançadores.

"A reunião reafirmou o compromisso para uma ampliação da cooperação em CT&I envolvendo os governos, as agências governamentais, os institutos de pesquisa, universidades e empresas", contou Aldo.

Atividades espaciais e parques tecnológicos

No Brasil, já existem duas estações Glonass instaladas na Universidade de Brasília (UnB). Outras duas serão instaladas em Recife e em Santa Maria (RS). Durante a reunião com a Agência Espacial Federal Russa, a Roscosmos, no mês passado, foi discutida a possibilidade de equipar as regiões Norte e Sudeste com outras duas unidades. 

A parceria com a Rússia para a instalação de uma estação para o monitoramento de resíduos espaciais também foi objeto de discussão. Já tiveram início os trabalhos para a instalação de uma estação como esta no Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA/MCTI), em Itajubá (MG).

Para o Brasil, essa cooperação também é importante para a formação de recursos humanos na área espacial.

Ainda na ida a Moscou, o ministro visitou a Fundação Skolkovo, o maior parque tecnológico em construção na Rússia, e discutiu perspectivas de cooperação em áreas como formação de recursos humanos e desenvolvimento de pesquisas científicas e de tecnologias para a inovação.

Levantou-se também a possibilidade de realizar a interação da Skolkovo com parques tecnológicos brasileiros, como o de São José dos Campos (SP).

Cúpula
Dilma Rousseff chegou nesta quarta a Ufá, capital do Bascortostão (uma das repúblicas que compõem a Federação Russa), para se juntar aos chefes de governo de Rússia, Índia, China e África do Sul para o sétimo encontro anual do Brics. Nesta edição, a presidência rotativa do grupo passará do Brasil para a Rússia.

Ela participou de um jantar típico oferecido pelo presidente Vladimir Putin em homenagem aos chefes de Estado e de governo do Brics. Em seguida, iniciou o encontro bilateral com Putin.

Na agenda prioritária dos líderes está o acordo sobre o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) do Brics ou Banco do Brics, que entrou em vigor na última semana. Eles vão discutir detalhes sobre o funcionamento da nova instituição, que terá sede na China e será presidida pelo banqueiro indiano K. V. Kamath, tendo como vice o economista brasileiro Paulo Nogueira Batista Junior.

A cúpula dos Brics terá duração de dois dias. O presidente chinês, Xi Jinping, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o presidente sul-africano, Jacob Zuma, também chegaram hoje e tiveram encontros bilaterais com o presidente russo.

O grupo de países representa um quinto da economia mundial e 40% da população do planeta. A Cúpula também servirá para discutir ações de cooperação econômica e comercial entre os integrantes do bloco.

Histórico recente

Em março, os ministros de ciência, tecnologia e inovação do grupo assinaram, em Brasília, um memorando de entendimento para institucionalizar a cooperação dos países no âmbito do bloco.

Aldo Rebelo e os titulares das pastas correlatas das outras quatro nações também subscreveram a Declaração de Brasília, que reafirma e aprofunda as prioridades estabelecidas no 1º Encontro Ministerial de CT&I dos Brics, realizado em fevereiro de 2014, na Cidade do Cabo (África do Sul). Na ocasião, o grupo aprovou a Declaração da Cidade do Cabo.

Ao longo deste ano, Aldo esteve reunido com as delegações de África do Sul, China, Índia e Rússia, visando estreitar parcerias na área científico-tecnológica.