Ao contrário do que disse Alckmin, professores não receberam aumento

Durante a maior greve dos professores da rede estadual de São Paulo, de abril a junho deste ano, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) usou dados para justificar porque não cedia ao reajuste do salário dos educadores. A edição desta segunda (06) da Folha de S. Paulo desmentiu o discurso do governador, que alardeava que os professores tinham recebido 45% de reajuste ao longo do seu mandato anterior.

Ao contrário do que disse Alckmin, professores não receberam aumento

"Na realidade, professores da ativa da rede estadual tiveram 12,3% de aumento no valor que recebem mensalmente, descontada inflação", informou o jornal. Para conseguir tais informações, o jornal paulista teve que recorrer à Lei de Acesso à Informação, obrigando o governo tucano a repassar os dados originais.

Desde abril, quando a greve teve início, a Folha começou a cobrar a Secretaria de Educação, que apenas enviou as informações após o fim da paralisação, que durou 89 dias e atingiu parcialmente a rede até o mês passado.

De 2011 a 2014, dos 45% de "aumento salarial" divulgado por Alckmin, denunciando que os professores não tinham motivo para a greve, 11,2% referia-se à incorporação de gratificações que os professores da ativa já recebiam, ou seja, horas extras; 21,5% foi a inflação no período, segundo o IPC-Fipe, e apenas 12,3% foi o aumento real que os professores ativos tiveram no salário que recebem mensalmente.

O ganho real ainda cai para 5,3%, considerando nas contas a inflação dos cinco primeiros meses deste ano. Ainda segundo os cálculos da Folha, R$ 2.725 é a média salarial dos professores do Estado de São Paulo, considerando todas as jornadas.

Durante a greve dos professores, a Apeoesp (sindicato dos docentes) apontava que os 45% falados pelo governador não eram aumentos reais. O reajuste "já concedido" foi um dos principais embates entre o sindicato e o governo.

Procurado pelo jornal, o Palácio dos Bandeirantes repassou a responsabilidade dos dados para a Secretaria de Educação. Em nota, ainda responderam que era "inacreditável que a reportagem da Folha conclua, sabe-se lá como, que a incorporação de gratificações historicamente pleiteada pela categoria não beneficie diretamente profissionais da ativa".