Varoufakis: “Levarei com orgulho o desgosto que inspirei nos credores”

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, pediu demissão nesta segunda-feira (6), depois da retumbante vitória do não no referendo realizado no domingo (5). Em nota publicada em seu blog, ele explica as razões da sua demissão. Leia a íntegra.

ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis - Foto: Emmanuel Dunand/AFP

“O referendo de 5 de julho ficará na história como um momento único em que uma pequena nação europeia se levantou contra a servidão da dívida.

Como todas as lutas pelos direitos democráticos, a rejeição histórica ao ultimato feito em 25 de junho à Grécia pelo Eurogrupo, tem seu custo. É, portanto, essencial que a grande confiança depositada em nosso governo pelo esplêndido voto NÃO seja investido imediatamente por um SIM a uma resolução apropriada – a um acordo que implique uma reestruturação da dívida, menos austeridade, a redistribuição em favor dos mais modestos, e reais reformas.

Pouco depois do anúncio dos resultados do referendo, tomei conhecimento de uma certa preferência de alguns participantes do Eurogrupo, e de “parceiros” pela … minha “ausência” de suas reuniões; uma ideia que o primeiro-ministro julgou potencialmente útil para chegara a um acordo. Por esta razão, deixo hoje o ministério das Finanças.

Considero que é meu dever ajudar Alexis Tsipras a explorar, como ele entende, o capital que o povo grego nos deu no referendo do dia de ontem.

E levarei com orgulho o desgosto que inspirei nos credores.

Nós, na esquerda, sabemos como agir coletivamente, sem apego aos privilégios do cargo. Vou apoiar plenamente o primeiro-ministro, o novo ministro das Finanças e nosso governo.

O esforço sobre-humano para honrar o bravo povo da Grécia e o célebre OXI (NÃO) ouvido pelos democratas de todo o mundo apenas começou”.

Yanis Varoufakis