Mandado de segurança contra votação da maioridade será concluído terça

O mandado de segurança que está sendo preparado por deputados que questionam a condução de votações polêmicas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o resultado da votação da redução da maioridade penal deve ser entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) até o final da próxima semana, segundo assessores. O grupo que volta a se reunir na próxima terça-feira (7), pretende concluir o texto e começar a coleta de assinaturas no mesmo dia.

PCdoB se prepara para nova batalha na votação da idade penal

Assim como têm sido cautelosos em não divulgar detalhes do conteúdo do mandado, os deputados liderados por nomes como o do vice-líder do PT, Alessandro Molon (RJ), também evitam prever quantos parlamentares vão aderir à medida. Eles querem uma posição da Justiça sobre atos praticados por Cunha que, na opinião dos parlamentares, ferem um parágrafo do artigo 60 da Constituição Federal. A lei proíbe, no mesmo ano, a analise de uma matéria de proposta de emenda constitucional que tenha sido rejeitada ou prejudicada.

Cunha repetiu esta semana o que já tinha feito em votações de dispositivos do projeto que tratou da terceirização e do financiamento de campanha na Reforma Política. O estopim para a reação de parlamentares do PT, PCdoB, PDT, PSB, PPS, PV, PROS e PSOL foi a aprovação da proposta de redução da maioridade penal. Esta semana, o plenário da Câmara aprovou texto que reduz para 16 anos a idade mínima para que jovens sejam punidos como adultos, quando praticarem crimes hediondos – como estupro, sequestro, latrocínio e homicídio qualificado – estiverem envolvidos em casos de homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte.

A votação do tema que se arrasta há 22 anos no Congresso já seria história pela polêmica decisão, mas as tensões foram ainda mais intensificadas pela forma como a proposta avançou. Apesar de ter avançado em primeiro turno, a redução da maioridade promete produzir novos capítulos dentro e fora do Legislativo. Em menos de 24 horas, os parlamentares rejeitaram e depois aprovaram a mudança na legislação penal.

A diferença entre um texto e outro limitou-se aos tipos de crimes previstos. Na proposta vitoriosa que surgiu como uma emenda aglutinativa – que reúne o conteúdo de outras emendas ou com texto de proposição principal que deu origem ao assunto -, foram retirados tráfico de drogas e roubo qualificado. A semelhança entre o que foi aprovado e o parecer substitutivo do deputado Laerte Bessa (PR-DF), costurado pela comissão especial que se debruçou sobre o assunto, provocou uma reação imediata, principalmente dos que são contrários à mudança.

Luiza Erundina (PSB-SP) ingressou no movimento de contrários a redução da maioridade pelas redes sociais #AnulaSTF. “Assistimos ao maior escândalo contra a democracia ao Estado de Direito dos últimos anos. E hoje dizemos: anula STF”, destacou. Henrique Fontana (PT-RS) chamou Cunha de imperador e o acusou de ter praticado um golpe. Molon alertou que esta conduta faz com que o “dono da agenda” tenha poder absoluto para definir qual matéria será ou não aprovada, corroborando com a acusação feita pelo deputado Glauber Braga (PSB-RJ) que, no plenário, afirmou que se a decisão não agrada a Cunha, “vossa excelência coloca em votação até a vontade de vossa excelência prevalecer”.

Eduardo Cunha reagiu em plenário e pelos corredores da Câmara disse que a matéria que foi rejeitada na madrugada de quarta-feira foi um substitutivo, e sendo rejeitada retorna a votação a proposta original e as emendas feitas a ela.

A redução da maioridade ainda não está definida. O texto ainda precisa passar por um segundo turno de votações na Câmara para ser enviado ao Senado, onde também terá dois turnos de votação. O líder do PT no Senado, Humberto Costa, antecipou que vai buscar reforço para alterar o texto.