Lula: “Dilma, converse com o povo, existem milhões com você”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (3) que a presidente Dilma Rousseff "tem que ir para a rua conversar com o povo". Segunda Lula “se o nosso governo está com problemas, não é para chorar. É para todo mundo dizer para a Dilma: ‘ó, você não está sozinha, tem milhões de pessoas com você, Dilma’. Porque uma mulher, que aos vinte anos foi presa e torturada e depois se tornou presidente da república, merece todo o nosso respeito”, completou.

Lula em plenária da FUP

As declarações foram feitas durante a 5ª Plenária Nacional da Federação Única dos Petroleiros (FUP), em Guararema (SP). Recebido ao som de “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”, o ex-presidente vestia um macacão laranja, idêntico aos dos sindicalistas, com o nome “Lula” bordado em branco no canto esquerdo.

Ataques à presidenta

O ex-presidente resgatou as medidas recentes anunciadas pela presidenta Dilma e enfatizou que o ajuste na economia é para garantir o crescimento. ele também criticou a onda conservadora que estimula o ódio. "Ser exigente não é xingar a presidente”, declarou, repudiando a "agressão" que a presidenta Dilma vem sofrendo.

“Nunca vi na vida uma agressividade à instituição do presidente da República como a gente está vendo agora. Eu achei que o problema era comigo, por eu ser nordestino e não ter diploma universitário, mas nunca vi tanta agressão quanto a companheira tem sofrido”, afirmou.

“Em 2003, não sei quantos de vocês me xingaram, mas, naquele tempo, a internet não tinha tanta força. Então, me xingaram em silêncio”, brincou, destacando o pessimismo contra o governo por parte da grande mídia. “Acho que tem gente que dá a notícia a mais negativa possível para desestabilizar o governo e criminalizar o PT”, afirmou. “É só ver a primeira página dos jornais, ver a TV, a internet: os adversários só tratando de mostrar apenas as coisas ruins, e as coisas boas não são mostradas. Queremos que mostrem a verdade, as coisas como elas são”, completou.

Lula pontuou que, se comparada com o início do seu primeiro mandato, a situação econômica está melhor, apesar de reconhecer os problemas. “Quando comparamos que a coisa não está boa, comparamos conosco, mas a gente tem que comparar com o país que nós herdamos”, afirmou. “Tenho muito orgulho de ter visto o povo brasileiro viver o seu melhor momento de autoestima. Nunca os brasileiros tiveram tanto orgulho de serem brasileiros”, disse.

“Vejo críticas e esquecem quanto era a inflação quando me entregaram o país, era de 12,5%”, disse, lembrando o período do governo tucano.

“Se o nosso governo está com problemas, não é para chorar. É para todo mundo dizer para a Dilma: ‘ó, você não está sozinha, tem milhões de pessoas com você, Dilma’. Porque uma mulher, que aos vinte anos foi presa e torturada e depois se tornou presidente da república, merece todo o nosso respeito”, completou.

Defesa da Petrobras

Lula também falou das conquistas da Petrobras e da importância da descoberta do pré-sal. “Tenho muito orgulho da empresa, que representa praticamente quase 13% do PIB”.

"Se alguém sacaneou ou roubou a Petrobras, que pague pelo roubo, e que os trabalhadores não seja punidos. Que não sejam punidos aqueles que efetivamente são responsáveis pela construção dessa extraordinária empresa, motivo de orgulho para o nosso país", afirmou.

"Tenho orgulho de ter sido o metalúrgico que levou o Jair Meneguelli (ex-sindicalista que militou ao lado de Lula no ABC) a ser cassado por fazer a primeira greve, em solidariedade aos petroleiros em 1983", discursou. O líder petista disse, ainda, ter muito orgulho de ter sido o presidente que "capitalizou a estatal e ajudou a recuperar a indústria naval brasileira."

Sobre as denúncias de corrupção, o ex-presidente disse que os envolvidos estão sendo investigados pela Polícia Federal e devem ser efetivamente punidos, mas que os trabalhadores da estatal devem ser protegidos.

Lula também aproveitou a ocasião para exaltar algumas das conquistas dos últimos 12 anos. "Tenho orgulho de pertencer a um partido e a um governo que em 12 anos construiu mais vagas nas universidades do que as elites em cem anos. Fizemos também mais escolas técnicas nesse período do que eles em cem anos. Nunca os brasileiros tiveram tanto orgulho do que tiveram nesses 12 anos", assegurou.

"Congresso quer acabar com violência colocando moleque na cadeia"

Lula criticou duramente a aprovação pela Câmara, em primeira votação, da redução da maioridade penal: “O Congresso quer jogar nas costas de meninos de 16 anos a responsabilidade do que os governos não fazem”, afirmou. 

“Será que o estado brasileiro cumpriu com as suas obrigações com os jovens de 16 e 17 anos? O estado que não cumpriu com as suas obrigações resolve acabar com a violência colocando moleque na cadeia”, enfatizou Lula, salientando que, apesar dos avanços promovidos nos últimos anos, não foi possível liquidar a "dívida histórica” que o país tem com a juventude.