Projeto ajuda moradores atingidos pelas chuvas na região serrana

Moradores atingidos pelas chuvas na região serrana do Rio, em 2011, quando morreram mais de 900 pessoas, estão recebendo apoio de uma ouvidoria itinerante do projeto Viva Rio Socioambiental. A ajuda faz parte do projeto Rios da Serra – promovido pela Secretaria de Estado do Ambiente (Sea) e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) – para recuperação ambiental das áreas do entorno mais afetadas pelo fenômeno climático.

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De acordo com a secretaria, o investimento total em obras nos municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo é de R$ 1,124 bilhão. Todas as obras emergenciais na região já foram concluídas, e outras estão em andamento.

Em Nova Friburgo, as principais obras são a drenagem e canalização do Rio Bengalas e serviços de dragagem, obras hidráulicas para proteção de taludes no Córrego D’Antas.

Em Teresópolis, ainda precisam ser feitas a substituição de travessias dos Rios Imbuí e Paquequer e a construção de barragem nos rios Príncipe e Meudon.

Em Petrópolis, estão previstas a complementação das obras nas calhas dos rios Santo Antônio, Cuiabá e Carvão, a recomposição vegetal dos parques fluviais, nos Rios Santo Antônio e Cuiabá.

Segundo a secretaria de Meio Ambiente, 2.479 moradores de áreas com risco de inundação foram cadastrados no Projeto Rios da Serra. Destes, 1,06 mil moram em Friburgo, 785, em Petrópolis, e 634, em Teresópolis. Do total, 1.337 moradores já negociaram suas indenizações.

Na última sexta-feira (26), 29 famílias das áreas de risco de inundação e deslizamentos receberam cheques de indenização – no valor total de R$1,424 milhão – entregues pelo secretário estadual do Ambiente, André Côrrea. Na manhã do próxima sexta-feira (3), uma equipe do Inea entregará cheques de indenização a moradores de Petrópolis, em local a ser definido.

O aposentado Samuel Augusto da Costa, de 76 anos, morador de Teresópolis, perdeu três pessoas e a casa na tragédia de 2011. Ele foi um dos que receberam o cheque de indenização. “Eu perdi tudo em 15 minutos”, relembra Samuel, que passou a morar na casa da sobrinha, com a família, após o desastre. “Essa indenização vai ajudar muito, mas não representa nem um terço do que perdi.”

O coordenador do Viva Rio Socioambiental, Tião dos Santos, disse que o projeto,que trabalha com as famílias atingidas pela tragédia, visa à educação ambiental. "É, também, uma mediação de conflitos, pois, com a tragédia, muitos traumas ficaram nas comunidades.”

Em cada uma das cidades da região há uma sede do Viva Rio Socioambiental, que atende a população, oferecendo informações todos os dias. Às terças e quintas, uma equipe é deslocada para as comunidades para fazer o serviço da ouvidoria itinerante. “Vamos até as comunidades e atendemos as pessoas no espaço onde elas vivem”, explicou o coordenador.

Em geral, as equipes do Viva Rio Socioambiental instalam-se em lugares de maior movimento, perto de algum bar mais popular, para servir de mesa portátil e anotar as sugestões e reclamações dos moradores. Dependendo da necessidade, as equipes podem circular pelos bairros atendidos em outros dias da semana.

A coordenadora de Projetos Socioambientais do Viva Rio Socioambiental, Márcia Rolemberg, enumerou as principais demandas dos moradores. Ela disse que há muitos questionamentos sobre a regularização fundiária, questões ligadas à violência por causa do uso indevido dos escombros, sobre casas que estão para ser removidas e reclamamações sobre as obras.

Márcia disse que muitas demandas têm sido atendidas, mas ressaltou que a maior dificuldade é o diálogo e a proximidade com o morador. “Tem sido positivo para a comunidade [o projeto Viva Socioambiental}, pois eles estavam muito solitários. Com a gente, eles veem uma forma de mediação e de mobilização. Poder fazer fluir o diálogo é muito bacana.”