Em debate, Janot defende independência do MP frente à PF

Durante debate promovido nesta segunda-feira (29) pela Associação Nacional dos Procuradores da República e que contou com a participação dos quatro candidatos ao cargo de procurador-geral da República, o atual procurador e candidato à reeleição, Rodrigo Janot, defendeu a sua permanência no cargo, pois precisa “aprimorar o que foi feito e corrigir equívocos da caminhada”.

Rodrigo Janot Procurador-geral da República

“Não foi e não está sendo fácil. Preciso aprimorar o que foi feito e corrigir equívocos da caminhada… Estou pronto para seguir no desafio com o mesmo brilho nos olhos. Sem fórmulas mágicas e sem vender ilusões, peço seu apoio e seu voto", afirmou.

Além de Janot, outros três candidatos disputam a vaga para integrar a lista tríplice que será apresentada à presidenta Dilma Rousseff: os subprocuradores-gerais da República Carlos Frederico Santos, Mario Bonsaglia e Raquel Dodge. A votação ocorrerá entre 16 de junho e 4 de agosto com a votação de cerca de 1.200 procuradores que integram a associação.

Fim do engavetador-geral

Janot afirmou que o Ministério Público precisa ter maior independência investigativa em relação à Polícia Federal. “Nós temos agora a responsabilidade de criar um modelo para que possamos desenvolver com profissionalismo e objetivo nosso mister. O que foi feito até agora é uma atuação preponderante de crimes financeiro e combate a corrupção. Temos que trabalhar com maior independência investigatória a no que se refere à Polícia Federal”, destacou.

Janot disse também que as mudanças estruturais realizadas na procuradoria “nos permitiram enfrentar a questão com profissionalismo e maturidade".

Durante a campanha, a presidenta Dilma Rousseff salientou que essas mudanças deram fim ao que chamou de “engavetador-geral” da República, em referência a atuação do procurador durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso que não investigava os casos de corrupção.

No balanço feito por Janot, além do combate à corrupção, ele destacou questões administrativas, como a inclusão de mais procuradores em sua assessoria, e ressaltou a aprovação de projetos com criação de cargos no Congresso, que chamou de "significativas vitórias legislativas".

Críticas

Os demais candidatos, no entanto, fizeram críticas à gestão de Janot. O subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, que é um dos candidatos ao cargo, afirmou que Janot se precipitou ao enviar ao STF pedido para investigar os políticos suspeitos de envolvimento com os desvios da Petrobras.

“Várias das diligências poderiam ser realizadas pelo Ministério Público, que não necessitavam de ordem judicial. Judicializamos, mas poderíamos ter resolvido isso dentro da nossa própria casa”, disse Carlos, que é apontando como “amigo” de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados e um dos políticos investigados pela Lava Jato. Isso porque ocupou a Secretaria-geral do MPF na gestão do ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza, advogado de Cunha.

Outro candidato, o subprocurador-geral Mario Bonsaglia, reclamou do enfraquecimento do MP no Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Os subprocuradores precisam atuar junto ao STJ com maior auxílio, estrutura e temos perdido prestígio. Não conseguimos ser intimados pessoalmente, temos que ficar lendo Diário Oficial para ficar sabendo dos feitos de seu interesse. As turmas [do STJ] não disponibilizam as pautas, os procuradores chegam às cegas sem a saber o que vai ser votado", disse.