Vazamento de delação de empresário da UTC reacende golpismo

O PT e os ministros da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, por meio de notas divulgadas nesta sexta-feira (26), afirmaram que todas as doações feitas pela empresa UTC às campanhas ao governo de São Paulo, em 2010, e à campanha da presidenta Dilma Rousseff, em 2014, ocorreram dentro da legalidade.

Aécio e Ricardo Pessoa UTC

O vazamento da delação de Ricardo Pessoa, dono da UTC, à Justiça Federal no âmbito da Operação Lava Jato, reacendeu a chama golpista. Apesar da lista de doações eleitorais da UTC citar políticos de diversos partidos, inclusive o senador tucano Aloysio Nunes (PSDB-SP), a oposição e a grande mídia mantêm o discurso de criminalização contra o PT e o governo da presidenta Dilma Rousseff.

O Partido dos Trabalhadores informou que todas as doações recebidas pela legenda foram feitas dentro da legislação em vigor e foram declaradas à Justiça.

“A Secretaria de Finanças do PT informa, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que todas as doações recebidas pelo partido aconteceram estritamente dentro da legislação vigente e foram posteriormente declaradas à Justiça”, diz a nota.

Os ministros Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Edinho Silva, da Comunicação Social, declaram que os recursos recebidos da UTC Engenharia foram legais.

“O ministro Edinho Silva esteve com o empresário Ricardo Pessoa por três vezes para tratar de doações de campanha. A primeira, quando o conheceu, foi quando o empresário esteve no comitê da campanha em Brasília. O empresário, após o primeiro contato, organizou o fluxo de doações em três parcelas que totalizaram 7,5 milhões de reais", afirma nota da assessoria do ministro Edinho.

E completa: "O ministro Edinho jamais tratou de assuntos relacionados a qualquer empresa, ou órgão público com o referido empresário. As contas da campanha presidencial de Dilma Rousseff foram auditadas e aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral".

Mercadante disse: "A empresa UTC, por ocasião da campanha ao governo do Estado de São Paulo, em 2010, fez uma única contribuição, devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de 250 mil reais, conforme demonstrado em minha prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral".

"A empresa Constran Construções, que pertence ao mesmo grupo, fez uma contribuição, também devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de 250 mil reais, conforme demonstrado em prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral", acrescentou.

O tucano Aloysio Nunes também disse que recebeu doações legais da UTC Engenharia na campanha eleitoral de 2010 e que nunca conheceu Pessoa.

Na delação, Ricardo Pessoa também atinge o Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo Pessoa, o advogado Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz, que preside o Tribunal de Contas da União, recebia para vazar informações da corte.

Vazamentos de delações e depoimentos são marcas da Operação Lava Jato. As afirmações de Ricardo Pessoa não diferem das acusações feitas por outros delatores, inclusive sobre o envolvimento de membros da oposição, principalmente os tucanos.

Apesar disso, a grande mídia segue o esmo roteiro: doações feitas ao PT são ilegais e fruto de corrupção, mas as feitas ao PSDB é legal.

"Delação de dono da UTC eleva a pressão sobre o governo e o PT", informa diz a manchete do jornal O Globo. "Delação de empreiteiro eleva pressão sobre Dilma e o PT", diz o jornal O Estado de S. Paulo.

Tais manobras midiáticas evidenciam a ação antidemocrática que ameaça o Estado Democrático de Direito. A direita neoliberal utiliza esses ataques para agravar a crise política e desestabilizar o governo da presidenta Dilma e impor o golpe.

As forças progressistas têm denunciado o uso político da Operação Lava Jato para, com base em ilações e depoimentos vagos de réus confessos, golpear a presidenta Dilma, criminalizar o ex-presidente Lula e o PT e, assim, desmoralizar a esquerda como um todo.

Diante de tal ameaça, uma forte e unitária contraofensiva das forças progressistas se faz necessária. Derrotar essa onda conservadora é condição fundamental para garantir o Estado Democrático de Direito.

O Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), divulgou documento em que faz uma análise da conjuntura política e defende a formação de uma ampla frente contra os que se arvoram contra a democracia e o Brasil.

De acordo com o documento, “se agiganta a responsabilidade da esquerda e das demais forças políticas e sociais progressistas, bem como de suas principais lideranças, em relação a se efetivar a formação de uma frente ampla, a ser constituída com base na unidade de ação em torno de bandeiras concretas, exigindo para tal protagonismo do PCdoB e demais forças avançadas”.
E finaliza: “A Defesa do Estado Democrático de Direito crescentemente pisoteado por uma escalada autoritária, o que exige uma ampla mobilização de juristas, intelectuais, lideranças sociais e políticas, o engajamento dos movimentos sociais, enfim, de todos os partidários da democracia e contra o retrocesso institucional”.