"Ele é um criminoso como qualquer um", diz delegada sobre jovem rico

"Um criminoso como qualquer outro". A definição dada pela delegada Monique Vidal, titular da 14ª DP (Leblon), acerca do autor do ataque que feriu três jovens em uma festa na Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no último fim de semana, não é muito comum quando o agressor é de classe média alta. 

"Já que ele [José Phillipe] é de classe alta ele é um desequilibrado, psicopata? Se for de classe baixa ele é bandido, questionou. "Não, ele é criminoso como qualquer um. Mas ele teve a opção de não ser. Ele é criminoso. De repente se ele tivesse sido barrado nas suas primeiras ocorrências como lesão corporal, Maria da Penha, constrangimento ilegal, poderia ser que ele não tivesse em Bangu nesse momento. Isso não é problema meu, nosso trabalho está feito", disse a delegada em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (11) para anunciar a conclusão do caso pela Polícia Civil.

Monique concluiu o inquérito que apura os crimes de tentativa de homicídio e lesão corporal praticados pelo promotor de eventos José Phillipe Ribeiro de Castro, de 28 anos. Uma das vítimas agredidas, Gabriel Silva, que teve parte da orelha direita arrancada e a sua namorada, Ana Carolina Romeiro, que tentou apartar a briga entre Gabriel e Castro, foi atingida por golpes de faca ou estilete. Ela teve alta do CTI nesta quarta (10) e transferida para um quarto particular. Lourenço Brenha que também tentou segurar José Phillipe teve cortes na mão e braço. A delegada pediu a prisão preventiva do acusado. 

José Phillipe segue preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, Bangu 10, na Zona Oeste da cidade, mas a prisão temporária expira nesta quinta (11). A delegada salientou que o agressor já tem oito passagens pela polícia, quase todas pelo crime de lesão corporal. Monique concluiu que José Phillipe não tem condições de viver em sociedade. "Quando ele chegou à delegacia, tinha a certeza que não ia ser preso. Ele afirmou que era uma figura pública e tinha bons advogados", contou a delegada.

"A cadeia é o lugar que ele tem que ficar, ele não tem condições de ficar em sociedade. As vítimas temem a convivência com ele. Nós estamos com o inquérito muito bem instruído, com 230 páginas e vamos encaminhar para o Ministério Público", informou a delegada. Segundo ela, nos depoimentos de testemunhas e das vítimas, foi dito que havia um canivete na festa, que estaria na guarda do irmão de José Phillipe, que foi o organizador do evento.

A delegada contou também que o laudo de uma das vítimas aponta que o ferimento foi provocado por um instrumento cortante. Quanto o saca rolha encontrado na residência, o delegado Pedro Casaes, que deu início às investigações no fim de semana, afirmou que o objeto não tinha marcas de sangue.

Pela previsão da Polícia Civil, José Philippe pode pegar mais de 40 anos de prisão.