Luta contra terceirização é tema em debate no Congresso da UNE

A mesa “O projeto de terceirização e os desafios das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros” mobilizou representantes da classe trabalhadora na manhã desta quinta-feira (4), segundo dia do 54º Congresso da UNE, em Goiânia. As intervenções reforçaram a luta contra a terceirização, a precarização e o lobby empresarial no Brasil e no mundo.

A bancária e representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Adriana Magalhães, observou que deputados que votaram a favor do projeto de regulamentação da terceirização são os mesmos que aprovaram, na semana passada, a constitucionalização do financiamento empresarial de campanhas eleitorais.

A bancada empresarial é a maior do Congresso Nacional, com 45% dos parlamentares, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.

“Esse cenário é muito temerário para a classe trabalhadora, pois os empresários têm feito um lobby imenso no Congresso para retomar os seus lucros”, afirmou a sindicalista.

Precarização do trabalho

Segundo Adriana, a ampliação da terceirização para as atividades-fim, conforme prevê a proposta aprovada na Câmara dos Deputados, criará um quadro de precarização muito grande para os trabalhadores.

“Vão ser criadas no Brasil diversas empresas prestadoras de serviço, com relações de trabalho fragilizadas, pois o fundo deste projeto é diminuir o custo das empresas. Os trabalhadores serão demitidos para ser recontratados terceirizados com menos custos. Alguns setores, como as costureiras, poderão ser ‘quarteirizadas’, beirando a condição de escravidão”, concluiu Adriana.

Juventude trabalhadora

Para o diretor da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do do Brasil (CTB) Paulo Vinicius, a juventude será a maior afetada pela terceirização do trabalho. “Essa geração atual, que são mais de 60 milhões de jovens no país no mercado de trabalho, está correndo o risco de ter os seus direitos jogados no lixo, que estão ai desde a era Vargas. Vocês não vão ter ferias, terão menores salários e o fim da Previdência Social. A terceirização significa o aprofundamento da crise, pois se produz menos, se consome menos e se desemprega mais”, afirmou Paulo.

Onda internacional

Doutorando em sociologia do trabalho pela Universidade de São Paulo, Thiago Aguiar apontou que a precarização do trabalho, também inclusa no ajuste fiscal do governo federal com a medida que restringiu acesso ao seguro-desemprego, é um fenômeno mundial desde a crise de 2008, principalmente na Europa, desmontando direitos historicamente consolidados.

“Há uma pressão internacional para tirar o dinheiro da educação, da saúde e da classe trabalhadora, para pagar a dívida dos bancos, que agora chegou ao Brasil”, disse Thiago. “Os ricos devem pagar pela crise que eles mesmos criaram, não os trabalhadores e a juventude brasileira.”