Agredido por ler Carta Capital, comerciante diz: não podemos nos calar

Quando embarcou em um voo em Porto Alegre rumo a Brasília, na manhã de quarta-feira (27), o comerciante Elbio de Freitas Flores, de 65 anos, não suspeitava que a escolha de uma leitura para a viagem iria provocar uma agressão inusitada.

Leitor de Carta Capital - Reprodução

Quando o avião aterrissou em Brasília, um grupo de cerca de 20 pessoas, localizadas na parte de trás do avião, começou a entoar gritos contra Dilma, Lula e o PT. Esse grupo estava chegando em Brasília para participar do ato liderado pelo Movimento Brasil Livre pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

O comerciante relata que, enquanto aguardava a abertura das portas do avião para desembarcar, foi interpelado e agredido verbalmente por um desses homens pelo fato de estar carregando a revista Carta Capital, “uma revista idiota e lida por idiotas”, segundo o agressor. Além disso, aos gritos, foi chamado de “bolivariano” e “do Foro de São Paulo”.

Elbio Flores resolveu não ficar quieto diante do ataque e chamou o agressor de golpista, entreguista e integrante da TFP (Tradição, Família e Propriedade). “Eles se mostraram muito covardes e tentaram me intimidar com gritos e impedir que eu falasse, tudo porque eu estava lendo a Carta Capital”, relatou ao Sul21.

O comerciante resolveu falar publicamente sobre o caso pois entende que estão ocorrendo agressões semelhantes a essas que devem ser respondidas. “Já ouvi vários relatos de casos semelhantes e não podemos ficar calados. Eles tinham o comportamento característico de covardes e despreparados. Estavam constrangendo as pessoas, agindo em bando, como uma matilha. Os partidos democráticos têm que reagir diante desse tipo de agressão. Tenho amigos no PP, no PSDB e em vários outros partidos e convivo com urbanidade e respeito com eles, sem agredir ninguém. Fui agredido e reagi”.

Esse tipo de postura, acrescentou Elbio Flores, “revela um espírito obtuso e retrógrado, um pensamento obscurantista e autoritário que despreza a democracia, a liberdade de expressão e as diferenças de opinião”.