UBM lança manifesto pelo Dia Internacional da Saúde das Mulheres

Esta quinta-feira (28) marca duas datas muitos importantes relacionadas à saúde feminina. Trata-se do Dia Internacional de Ação pela Saúde das Mulheres e do Dia Nacional de Luta pela Redução da Morte Materna. A UBM lança um manifesto para destacar a importância da data e chamar atenção para estas pautas.

obra de arte sobre a mulher - Reprodução

Leia o manifesto na íntegra:

Em tempos de retrocessos, conservadorismo e machismo, em tempos de perdas de direitos consolidados, tanto no Brasil como no mundo, os países em desenvolvimento sofrem a crise estrutural do sistema capitalista financeiro e sob a perversa orientação de uma agenda neoliberal, de ajustes fiscais com cortes expressivos de recursos nas políticas essenciais, governos são pressionados a adotar medidas econômicas e sociais que restringem os direitos da classe trabalhadora afetando diretamente a saúde das mulheres em todas as faixas etárias.

Em 2015 o 28 de maio – Dia internacional de ação pela saúde das mulheres e dia nacional pela redução da morte materna é oportuno para ações politicas que fortaleçam a luta por políticas públicas e pela saúde das mulheres. A data é uma referência mundial referente às mobilizações do 4º Encontro Internacional Mulher e Saúde ocorrido na Holanda em 1984 e no 5º Encontro realizado em Costa Rica. No Brasil o Ministério da Saúde, através da Portaria 663, em 1994 institui como o dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna.

A UBM – União Brasileira de Mulheres em uma ampla aliança com os movimentos sociais, de mulheres e feministas reafirma neste 28 de maio a defesa pela soberania nacional, pela democracia como condição para uma agenda de desenvolvimento que garanta a todas as mulheres os direitos humanos, entre esses os direitos sexuais e reprodutivos, o empoderamento para decidir livremente sobre os seus corpos e sobre a sua sexualidade, que garanta uma vida sem discriminações e sem violências. Por uma política de Estado que priorize a questão de gênero como condição de superar os padrões impostos pela sociedade que faz das diferenças biológicas, ser homem e ser mulher uma condição para sofrer, adoecer e morrer.

Em relação aos avanços, o país conseguiu reduzir a mortalidade materna em 51% superando a média mundial e latino-americana, mas insuficiente para cumprir a Meta do Milênio que previa reduzir em 2015 a razão de 35 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos, alcançando a razão de 63,9% de óbitos/100 mil nascidos vivos em 2011, conforme dados do MS.

Considerando que a gravidez reflete uma condição de saúde das mulheres e que não deveriam morrer, e ainda, que mais de 90% das mortes são todas evitáveis pois os problemas de saúde que traz as complicações que levam a morte como hipertensão, hemorragias, infecção puerperal e aborto, se acompanhados com profissionais capacitados poderiam ser prevenidos e consequentemente evitando a morte das mulheres, geralmente jovens e em idade produtiva.

A sociedade organizada deve lutar por mais financiamento na saúde, por uma reforma tributária que tribute as grandes fortunas e o rentismo garantindo mais investimentos para a saúde e para a Política de atenção integral a saúde da mulher. A garantia da saúde como direito e dever do Estado, passa pela efetiva participação popular, momento privilegiado para os movimentos sociais e feministas, quando se realiza as etapas municipais da 15ª Conferência Nacional de Saúde por todo o país.

Por uma politica que considere as desigualdades regionais, econômicas, raciais, de etnias, e que amplie e garanta o acesso universal e equânime em todos o níveis de atenção, considerando as necessidades das mulheres do campo, da cidade, das águas, em situação de rua, adolescentes, jovens mulheres, LGBT, pessoa com deficiência, e aquelas que vivem em condições de vulnerabilidade e risco social.

A UBM reafirma nenhum direito a menos, só direitos a mais, contra a terceirização que precariza as relações de trabalho adoecendo ainda mais as mulheres! A saúde integral das mulheres passa pela afirmação dos direitos sobre o trabalho doméstico, a ampliação da licença materna e paterna, a atenção aos direitos sexuais e reprodutivos garantindo os direitos plenos através da educação formal desde a básica pela permanência da educação em gênero nos currículos escolares.
O que queremos:

1 – A descriminalização e legalização do aborto. Milhares de vidas de mulheres são ceifadas todos os anos, para tanto defendemos o Estado laico e garantia dos preceitos constitucionais. O Congresso Nacional deve por fim aos projetos de lei que violam os direitos humanos da mulheres e violam os acordos internacionais. Os fundamentalismos da bancada religiosa insistem em projetos de lei como o da Bolsa Estupro, do Estatuto do Nascituro e da CPI do aborto, todos versam sobre o corpo da mulher e querem impor os princípios de uns (religiosos) sobre toda a população de uma nação, por isso são fundamentalistas e intolerantes.

2 – Exigimos acesso universal a atenção a saúde com disponibilidade de métodos anticoncepcionais, atenção ao pré-natal, partos sem riscos, atenção pós-natal, atenção obstétrica de emergência, tratamento da infertilidade, serviços de qualidade para tratar as complicações derivadas do aborto;

3 – Garantia de uma cultura do nascimento, que reafirme o protagonismo da mulher e da sua família. Pelo fim da epidemia de cesarianas e dos partos com intervenções desnecessárias e dolorosas que comprometem a fisiologia da mulher;

4- Garantia de interrupção da gravidez de feto anencéfalos conforme preceito do STF/2012.

5 – Financiamento para as políticas de enfrentamento da violência contra as mulheres, entre essas a violência sexual, a feminização da AIDS e outras DST’s fortalecendo as ações intersetoriais principalmente com a educação através do PSE – Programa Saúde na Escola.

6- Garantia do processo transexualizador e utilização do nome social no âmbito da administração pública para as pessoas LGBT’s.

7 – Redução da mortalidade de mulheres vítimas de câncer de mama e colo de útero com acesso a mamografia e garantia da lei dos 60 dias que garante o tratamento no máximo em até 60 dias.

8 – Fortalecer as ações de planejamento reprodutivos e saúde sexual nos serviços de atenção básica, especialmente em informações e acesso aos métodos anticoncepcionais não hormonais. Ampliar o acesso e informação para adolescentes sobre os cuidados com a sua saúde sexual e reprodutiva favorecendo atitudes responsáveis e saudáveis.

Brasil, 28 de maio de 2015.

União Brasileira de Mulheres