Insuflada pelos tucanos, marcha golpista termina em fiasco

Um minguado grupo de andarilhos pró-impeachment do denominado Movimento Brasil Livre chegou ao Congresso Nacional nesta quarta-feira (27), em Brasília. A caminhada que saiu de São Paulo e, até está terça (26), não reunia mais de 40 pessoas, contava com quatro carros de som que fecharam três das seis faixas do Eixo Monumental.

Manifestacao impeachment fiasco - Agência Câmara

Empolgados pelas manifestações realizadas em São Paulo, em março – e insuflados pelos tucanos e a oposição – o grupo saiu da capital paulista em 24 de abril, achando que seria seguido por uma multidão. Chegou a anunciar que teria 40 mil pessoas, mas a marcha murchou e até mesmo a grande mídia passou a chamar o grupo de “andarilhos”.

Kim Kataguiri, um dos líderes do tresloucado grupo, tentou minimizar o fiasco do protesto. “Nossa ideia não era organizar um movimento imenso, com adesão em massa. Nossa ideia era mobilizar as pessoas em torno da ideia de que esse governo não tem mais legitimidade para nos representar e que por isso precisa ser retirado do poder", disse.

Mas não foi bem assim. Antes da saída do grupo de São Paulo, em abril, Kim postou vídeo nas redes sociais: “Ocupemos a frente da Câmara para que os congressistas se sintam pressionados a atender a nossa pauta”.

A marcha seria feita toda a pé para demonstrar o seu sacrifício. Mas o grupo inovou e pegou a estrada acompanhados por um verdadeiro staff para garantir o conforto, afinal, não estavam acostumados com o sol forte, dores nas costas, bolhas nos pés e outros incômodos. Para tanto, carros e um ônibus, bancados pelo Solidariedade, acompanharam o grupo durante todo o trajeto para assegurar que ninguém levaria as mochilas nas costas e que tivessem um lugar para dormir depois do exaustivo dia.

Mas como imprevistos acontecem, Kataguiri e os amigos foram vítimas de um acidente de trânsito. Um motorista embriagado colidiu sua caminhonete com outro veículo e se viu arremessado contra o acostamento, justamente onde caminhavam os integrantes do MBL. Ironia do destino, pois o movimento liderado por Kim prega o fim da Lei Seca, pelo direito de dirigir alcoolizado.

Mais polícia que manifestante

Depois de tantas mazelas, eles finalmente chegaram a Brasília. A Polícia Militar organizou um efetivo 150 homens nas imediações do Congresso e mobilizou pelo menos 2.000 outros militares, que ficaram de prontidão à espera dos 40 mil que não compareceram.

No Congresso, a oposição fez o jogo de cena habitual. Líderes da oposição como Mendonça Filho (DEM-PE), e no Senado, Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) foram até a rampa do Congresso para saudar o grupo, mas por conta do recuo em apresentar um pedido de impeachment, se limitaram a receber parte do grupo dentro da Casa. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), não deu o ar da graça. Mais íntimo dos golpistas, Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) desceram a rampa para receber os cumprimentos do grupo.

A decisão da oposição em recuar no pedido de impeachment deixou o grupo enfezado, já que tiveram que caminhar mais de 1.000 quilômetros à toa.

O grupo entregou ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) um pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Segundo um dos líderes, o protocolo entregue contém "mais de mil páginas com pareceres jurídicos sobre as pedaladas fiscais e acordos de leniências que legitimam o pedido de impeachment". Cunha, por sua vez, disse que o documento seria analisado à luz do direito.

Vestindo camisas da Seleção Brasileira de Futebol, eles se revezam entre cantar o Hino Nacional e gritar palavras de ordem contra o PT e apitar. No gramado do Congresso, uma faixa em verde e amarelo com a palavra impeachment, enquanto que outros empunhavam faixa que pedia a intervenção militar e soltaram balões.