Goldman admite o que já sabíamos: "PSDB não tem projeto de país"

A frustração tucana em dar um golpe contra o governo da presidenta Dilma Rousseff escancarou o racha interno da legenda, que vai ganhando cada vez mais profundidade.

Alberto Goldman

O primeiro vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman (SP), resolveu fazer suas críticas publicamente porque, segundo ele, “a falta de debate interno se agravou no período recente, de Aécio Neves".

Numa carta endereçada nesta terça-feira (26) à cúpula nacional do partido, o ex-governador de São Paulo manifestou suas queixas contra o senador mineiro e candidato derrotado, Aécio Neves, que assumiu a presidência do PSDB em 2013.

Goldman afirma que atualmente os tucanos não são capazes de dizer o que fariam se tivessem vencido as eleições presidenciais. "Nós não temos um projeto de país", reclama Goldman.

De fato, nem mesmo durante a eleição o candidato Aécio foi capaz de responder quais eram as suas propostas. Até às vésperas de campanha não divulgou o seu plano de governo, que dizia estar sendo preparado por vários “notáveis da economia”.

Seu foco na campanha foi a era da “previsibilidade” como garantia de solução para os desafios do Brasil. Apesar da insistência de alguns, Aécio não conseguiu responder durante todo a campanha quais medidas tomaria.

Ainda sobre as críticas de Goldman, a proposta de "Distritão" é uma "aberração" e queixou-se pelo fato de matérias importantes, como a reforma política e mudanças na Previdência, não serem discutidas e decididas pelo partido.

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), minimizou a crise interna, afirmando que "divergências são da natureza democrática" do partido e cutucou: "Estivesse Goldman participando mais ativamente do dia a dia da ação das bancadas, certamente teria posição diferente sobre a firme condução de Aécio Neves", disse.