Solenidade na Câmara homenageia centenário de Humberto Teixeira 

No evento, mesclado de momentos de arte, emoção e reverência, foi lembrada a trajetória de um dos maiores nomes da cultura brasileira em todos os tempos. Compositor, advogado, deputado federal, o cearense Humberto Teixeira ganhou o mundo e construiu uma obra que segue sendo revisitada pelas novas gerações.

“Humberto Teixeira foi autor de uma obra decisiva para a construção do imaginário nordestino, da invenção e da reinvenção do Nordeste, da afirmação das coisas da nossa gente, do nosso tempo, do nosso lugar”, destacou o deputado Chico Lopes, ressaltando que todas as homenagens para Humberto são poucas, diante da dimensão de seu legado e de seu significado para o Ceará, o Nordeste, o Brasil.

“Humberto Teixeira é referência para a música brasileira, para a luta pelos direitos autorais, pelo fortalecimento da classe artística e pela maior difusão da cultura brasileira no exterior. Esse requerimento que apresentamos teve o objetivo de dar nossa pequena contribuição para as comemorações desta data marcante e fundamental, que é o centenário do Doutor do Baião. Data a ser comemorada intensamente em todo o Brasil, ao longo deste ano”, acrescentou Lopes.

“O Brasil de Humberto Teixeira é um Brasil grande, como nos últimos anos nosso País descobriu que pode ser. Sem mais precisar da sujeição ao coronel, da literatura da seca, da sujeição da miséria, das paredes erguidas pelo capital e pelo preconceito, de cor, de origem, de língua, de classe. Um País que descobriu que pode e que quer ser para todos, de todos e de cada um. Um País de menos desigualdades, pessoais e regionais, como certamente sonhou o doutor, que com sua música e seu trabalho ajudou a construir o Brasil. Que o exemplo de Humberto Teixeira siga nos inspirando a fazer, todos os dias, um Brasil melhor, para todos os brasileiros”, enfatizou o deputado, ao final de seu pronunciamento.

Chico parabenizou os músicos Myrlla Muniz, Sivuquinha e Ocelo Mendonça, que apresentaram, na sessão solene, alguns dos maiores clássicos do grande compositor cearense.

Em defesa da transposição

Filha do compositor, a atriz e produtora cultural Denise Dummont, que mora em Nova York e viajou especialmente para participar da sessão solene, agradeceu, emocionada, pelas homenagens a Humberto.

“Concordo com as palavras do querido deputado Chico Lopes. Toda homenagem a Humberto
Teixeira é bem-vinda e ainda é pouca. Precisamos correr para destacar as coisas dele, ainda mais neste centenário”, conclamou Denise, que se referiu a “Asa Branca” como “o segundo hino nacional brasileiro”.

Denise lembrou que até hoje os artistas e cientistas brasileiros se beneficiam da legislação sobre direito autoral aprovada como fruto do trabalho do então deputado Humberto Teixeira.
E destacou que, 100 anos depois, o Ceará enfrenta “uma nova seca de 15”, em referência a seca ocorrida em 1915. “Espero que a transposição do São Francisco aconteça. Agora, como o sul está sofrendo também, pode ser que realmente venha”, enfatizou, sob aplausos dos participantes da sessão solene.

Denise Dummont também se associou à sugestão, feita pelo deputado Chico Lopes, de indicar ao Ministério da Cultura o nome de Humberto Teixeira para receber “in memoriam” a Ordem do Mérito Cultural, condecoração anualmente concedida pelo MinC, após exame de nomes sugeridos pela sociedade civil.

A condecoração é dada a personalidades, grupos artísticos, iniciativas ou instituições que se
destacaram por suas contribuições à cultura brasileira.