Encontro entre o PCdoB e a vice-presidente do Vietnã, Nguyen Thi Doan

Um dia antes de se encontrar com a presidenta Dilma Rousseff – que a recebeu em audiência no Palácio do Planalto — a vice-presidenta da República Socialista do Vietnã, a senhora Nguyen Thi Doan, na quinta (14), esteve em visita à sede do PCdoB em São Paulo, acompanhada por sua comitiva presidencial.

Na ocasião, Renato Rabelo, presidente Nacional do PCdoB saudou os membros da delegação vietnamita em nome dos comunistas brasileiros, ressaltando que “para o PCdoB foi uma honra poder receber a vice presidenta do Vietnã em nossa sede nacional”. Renato lembrou que “o embaixador Nguyen Van Kien, aqui presente sempre tem estado em contato permanente com o Partido, aliás como tem sido com todos os embaixadores que representaram a República Socialista do Vietnã”.

Em seguida, Renato passou a anunciar os dirigentes comunistas presentes ao encontro, como o secretário de Relações Internacionais, Ricardo Alemão Abreu, o secretário de organização do PCdoB, Walter Sorrentino, o camarada Inácio Arruda que é secretário de Ciência e Tecnologia no Estado do Ceará e ex-senador da República e presidente da Abraviet, Liége Rocha, secretária das mulheres na direção do PCdoB e responsável pela luta em prol da emancipação feminina e Pedro de Oliveira, que é secretario geral da Associação de Amizade entre Brasil e Vietnã, Abraviet. A vice presidente da República Socialista do Vietnã, por sua vez, agradeceu o Partido por ter recebido a delegação vietnamita e destacou a importância que o PCdoB dá à participação das mulheres no Brasil.

Disse a vice-presidente que “gostaria de transmitir o convite do nosso secretario geral do Partido Comunista do Vietnã para que o PCdoB envie uma comitiva para visitar o nosso país”. Depois saudou os êxitos da participação do PCdoB no governo brasileiro e a vitoria nas ultimas eleições no Brasil.

“Desejamos mais vitórias no trabalho do PCdoB no Brasil”, completou ela. “Nossos dois partidos têm uma longa trajetória de amizade e de cooperação”, continuou argumentando a vice-presidente, agradecendo o apoio histórico do povo brasileiro e do Partido à luta da causa do povo vietnamita por sua libertação e por seu desenvolvimento.

Segundo a vice-presidente os vietnamitas acabaram de celebrar os 40 anos do final da guerra do Vietnã pela libertação do país, e os resultados obtidos até agora e para conduzir o país ao desenvolvimento econômico e social, em defesa de sua soberania e para construir uma vida mais feliz para seu povo.

Insistiu a senhora Nguyen Thi Doan que os vietnamitas estão realizando uma profunda renovação com a política de transformação radical no pensamento, com base no Marxismo e no Leninismo. Segundo ela “desenvolvemos uma economia de mercado sob a direção do Estado Socialista”. Com este objetivo a vice presidenta conseguiu promover uma grande união nacional, e o Papel do Partido, segundo ela “foi fundamental neste caminho, orientando o povo e o governo”.

A vice-presidente aproveitou o encontro para convidar os camaradas brasileiros para visitar novamente o Vietnã para verificar que em 30 anos foi possível promover e modernizar a economia e promover a segurança e a defesa do país. Para isso os governos do Vietnã têm colocado em prática uma política de amizade com todos os povos e países do mundo. Nestas relações com os países estrangeiros sempre insistiram numa política de paz e amizade, respeitando os tratados internacionais e o direito internacional, por isso estreitaram as relações com muitos países amigos com os quais cooperam. A vice presidente relatou que o Vietnã está em face de problemas territoriais com a China no Mar Oriental, e que estão tentando resolver essa controvérsia “com base na negociação e respeito às leis internacionais e defendendo a não utilização da força para resolver estes problemas”.

Quanto às relações entre Brasil e Vietnã, a vice presidente disse que “concordamos em elevar estas relações a um novo patamar, pois as relações comerciais entre os dois países tem crescido ano a ano.

Contamos com a ajuda do vosso Partido para elevar as relações entre os dois países a um novo estágio”. E afirmou a vice presidente que a “relação comercial e o intercambio no ano passado aumentou para quase 3 bilhões de dólares, ou seja, 40% a mais em relação ao ano anterior. O Brasil é o maior parceiro comercial do Vietnã na America Latina”. A senhora Nguyen Thi Doan insistiu ainda que o Vietnã gostaria de cooperar na área de exploração de petróleo e implementar as negociações estabelecidas em agosto de 2013 .

Outra questão levantada pela vice presidente é o desenvolvimento da cooperação entre os dois parlamentos — brasileiro e vietnamita — através da presidente da comissão de relações exteriores da Câmara dos Deputados, Jô Moraes. Ela também afirmou que fará o convite para que a presidenta Dilma Rousseff volte a visitar o Vietnã no segundo semestre, agora na condição de presidenta da República. A vice presidente aproveitou para agradecer os esforços do presidente do PCdoB para aprofundar as relações entre os dois países. “Agradeço ao Partido e à Abraviet pelos esforços no estreitamento das relações entre nossos dois governos”.

Renato Rabelo, pela direção do Partido, agradeceu sinceramente este intercambio de opiniões e de ideias, pois segundo ele “temos grande interesse nestas relações. Nosso partido tem uma tradição de longa data de relações de amizade e de cooperação com o Vietnã e acompanhamos com vivo interesse a luta do povo vietnamita pela libertação do país em suas várias etapas – que sempre tiveram grande impacto político para as forças progressistas de nosso pais. Ho Chi Minh é sempre lembrado como um exemplo para os lutadores pela democracia e pela independência de nossos dois países. O general Vo Nguyen Giap é também sempre exaltado e enaltecido”. Renato lembrou que “a presidenta Dilma sempre se recorda do encontro que manteve com o general Giap, ao lado do presidente Lula, em 2008. Foi muito marcante para ela este encontro. Portanto, nos unem laços muito profundos em respeito à luta gloriosa do povo do Vietnam”.

Renato relatou que o PCdoB comemorou os 40 anos da final da guerra contra o imperialismo dos Estados Unidos, como expressão maior da luta pela libertação dos povos contra o colonialismo. E afirmou que os comunistas aqui no Brasil acompanham com grande interesse a luta e os desafios do povo vietnamita de hoje pela construção da pátria socialista vietnamita. O PCdoB, segundo Renato, tem sempre ressaltado os êxitos da política de renovação Doi Moi desde 1986, que vem alcançando êxitos econômicos e sociais extraordinários.

Destacou inclusive que o PCdoB ressalta a influencia crescente que o Vietnã tem atualmente na ASEAN, e entre as nações do sudeste asiático, além do que o Partido tem procurado transmitir ao nosso governo o papel cada vez mais protagonista do Vietnã no concerto das nações. O PCdoB defende que a Republica Socialista do Vietnã é um parceiro importante para o Brasil. Renato Rabelo afiançou que “durante as viagens que fizemos ao Vietnã tive o prazer, a alegria e até o privilegio de ter sido recebido pelo secretário geral do PCV nas duas ocasiões, e ficamos impressionados nas visitas que fizemos em Hanói e à Cidade de Ho Chi Minh, pela velocidade das transformações pelas quais vem passando o Vietnã”.

“Se o povo vietnamita foi capaz de promover uma luta de grandes dimensões contra as potencias imperialistas” disse Renato, “também será capaz de promover uma grande transformação para a construção de uma sociedade socialista no sudeste asiático. Por isso temos grande confiança nos êxitos conquistados e o Vietnã sem dúvida vai se tornar um grande exemplo de construção de uma nova sociedade. Assim poderemos compreender as lições concretas do trabalho da transição para uma sociedade socialista, o que tem grande importância para nós no Brasil”.

“Essa nova luta pelo socialismo” concluiu Renato, “como nós temos dito aqui no Brasil, esse é o grande objetivo para da humanidade. Também este é um grande objetivo para os comunistas. Temos acompanhado as questões referidas pela vice presidente sobre as pendências territoriais no sudeste asiático, e confiamos que o Vietnã e a China, levando em conta as relações de amizade e de cooperação, o direito internacional e os acordos multilaterais, saberão encontrar uma solução justa e negociada sobre as questões territoriais”.

Renato também disse acreditar que a relação comercial e em todos os níveis nas relações entre o Brasil e o Vietnã poderão ser aprofundadas, no terreno tecnológico e cultural, no interesse comum dos dois povos. “Esse tem sido o esforço do PCdoB junto ao Estado brasileiro desde o governo Lula e agora com o governo Dilma, sempre estaremos empenhados nesse sentido”, afirmou o dirigente comunista. Entre os dois partidos o nosso interesse, disse Renato à delegação vietnamita “é aprofundar as relações e a cooperação entre os dois partidos, o PCV e PCdoB. Ou seja, levamos em conta a possibilidade de atingir patamares mais elevados nessa relação. Na busca de um intercambio maior de idéias e de opiniões. Isso enriquece o nosso partido. E recebemos com satisfação o convite do secretario geral do PCV para novamente visitarmos o país. Gostaria de transmitir nossas congratulações ao camarada Nguyen Phu Trong”.

Por fim, disse a vice presidente do Vietnã que “agradeço sinceramente as atitudes e os sentimentos e opiniões do PCdoB em relação ao Vietnã. E também agradecemos as palavras em relação ao nosso líder, o presidente Ho Chi Minh – lembrando que ele também passou pelo Brasil e teve relações com os brasileiros desde essa época. Aproveito a ocasião para dizer que a Asean este ano poderá se transformar em uma comunidade de nações, e o Vietnã defenderá o incremento de relações com o Brasil”.

A vice presidente reiterou que “a relação de intercambio entre nossos dois países avançou, mas precisamos aprofundar as relações comerciais e em todos os níveis e ela poderá dar um grande salto no futuro. Gostaríamos de aprender com a experiência dos comunistas do Brasil, do PCdoB e também procuramos aprender com as experiências de outros países amigos.

Agradecemos esta idéia de que as diferenças entre os países deverão ser resolvidas com a negociação e a cooperação e é o que estamos realizando nestes tempos de grandes desafios. Ao se despedir, em nome da delegação brasileira, Renato Rabelo agradeceu a confiança depositada “na relação entre nossos dois partidos. Valorizamos muito esta relação de confiança”.

Por Pedro Oliveira, de São Paulo