“A gente não pode negar a política", diz Lula a jovens metalúrgicos

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu, na noite de terça-feira (13), com centenas de jovens metalúrgicos na abertura do 8º Congresso dos Metalúrgicos do ABC Paulista. Ele voltou a criticar tentativa de criminalização do PT e debateu diversos temas com a juventude.

Lula com jovens

Lula lembrou que começou a vida sindical aos 23 anos, e disse que a realidade que ele viveu era muito diferente da que o jovem vive hoje. "Vocês são a primeira geração que sabe mais que os pais".

Preocupado com uma pesquisa realizada na porta de fábricas em setembro de 2014, que mostrou que pessoas antagônicas aos direitos trabalhistas chegaram a ter 30% dos votos dos metalúrgicos consultados, Lula disse: “A gente não pode negar a política. A desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem gosta”, lembrou.

Corrupção

Lula ambém discorreu sobre as recentes denúncias de corrupção. Ele lembrou os primórdios do PT e afirmou que, com o crescimento do partido, "ele ficou igual aos outros partidos do ponto de vista de financiamento de campanha". Ele lembrou que recentemente o partido decidiu não receber mais doações empresariais, mas ressaltou que "os empresários que dão dinheiro para o PT são os mesmos que dão dinheiro para todos os outros partidos". Lula criticou o discurso da oposição lembrando que "quem criou o mensalão foi o governo FHC, quando estabeleceu a reeleição".

Sobre os processos de delação premiada, Lula lembrou do risco de bandidos virarem mocinhos. "Um cara que já foi preso oito vezes, já mentiu em uma delação, tem autoridade moral para acusar alguém?", questionou. 

Durante o encontro, o ex-presidente lembrou que ninguém criou tantos instrumentos para combater a corrupção como ele e Dilma. Além disso, ele afirmou não aceitar as tentativas de perseguição e criminalização do PT. “Porque só o dinheiro que o PT recebeu é propina? E o do PSDB, é do Criança Esperança?”, ironizou.

O ex-presidente falou sobre o ajuste fiscal proposto pelo governo da presidenta Dilma Rousseff. Para ele, o Executivo deveria ter dialogado mais com o movimento sindical para resolver os excessos no seguro-desemprego. Lula defendeu a necessidade de rever algumas políticas, mas considerou que seria necessário explicar as mudanças à sociedade. O ex-presidente considerou que o ajuste poderia ter sido feito em negociação com as centrais sindicais, evitando problemas no Congresso.

Em sessão de perguntas e respostas, Lula falou ainda sobre diversos outros temas, enunciados abaixo:

Segurança

"Eu sou contra a redução da maioridade penal", respondeu Lula a uma questão sobre o tema. Ele se disse a favor da revisão do pacto federativo: "a responsabilidade não pode ser só dos estados". O ex-presidente também afirmou que a questão da segurança não pode se resumir a uma política de polícia na rua, mas que é preciso dar oportunidade e estrutura às pessoas.

Descriminalização da maconha

Perguntado sobre sua opinião em relação ao tema, Lula respondeu: "sou contra a criminalização da maconha e do usuário e a favor da punição do traficante".

Taxação de grandes fortunas

Lula se disse a favor de mandar o projeto para o Congresso, mas ressaltou que considera difícil que ele seja aprovado.

Ao final, Lula deixou uma mensagem para a juventude: "O Brasil será o que vocês quiserem que ele seja."

"Uma nação não é medida pelo tamanho do seu PIB, nem do seu território. Ela é medida pela qualidade da consciência política do seu povo”, finalizou.

Fonte: Agência PT e Instituto Lula