Ministro Jaques Wagner, em Moscou, comenta a Parada da Vitória

Logo após a realização da Parada Militar, neste sábado (9), ministro da Defesa do Brasil, Jaques Wagner, que estava em Moscou representando a presidenta Dilma Rousseff, concedeu entrevista à Sputnik. O diretor da Sputnik Brasil, Aleksandr Medvedovsky, acompanhado do jornalista Konstantin Kuznetsov, encontrou o ministro em um hotel no centro de Moscou, onde foi realizada a entrevista. Dilma Rousseff e o presidente russo, Vladimir Putin têm agenda marcada para o mês que vem, na capital russa.

Jaques Wagner

O ministro compartilhou as impressões sobre o desfile, explicou a ausência da presidenta, em razão de outro compromisso agendado antes do convite da comemoração na Rússia e comentou a importância do Dia da Vitória. Jaques Wagner falou sobre o uso da bandeira russa no desfile de 8 de maio no Brasil. Segundo ele, a bandeira do país aliado continuará sendo usada nas próximas solenidades dedicadas às Segunda Guerra Mundial.

Sputinik: E o boicote dos líderes Europeus?

Jaques Wagner: Eu acho que não é o melhor caminho. Se a gente quer buscar o encontro era melhor ter vindo prestigiar (a parada). E com o próprio prestígio que dessem poderiam ter uma negociação mais fácil entre a Rússia e Ucrânia. Eu pessoalmente quis vir muito, pois acho que não é brigando que se chega em um denominador comum.

Ministro, gostaríamos de agradecer em nome do Sputink pelo seu apoio à nossa campanha de adicionar a bandeira russa no desfile de 8 de maio no Brasil. Qual foi a sua impressão sobre o desfile de hoje?

O desfile é extremamente imponente, monumental, toda a praça, a fala, as músicas tocadas, a imponência das tropas que desfilaram, todos equipamentos aéreos e terrestres. Eu fiquei muito impressionado com o treinamento e organização. E com o silêncio. Quando ia chegando perto das 10 horas, a hora de começar, a praça, sem ninguém pedir, silencia e o desfile começa. Eu, que estudei no Colégio Militar no Rio de Janeiro, e que aprecio muito as paradas, posso dizer que essa é uma das mais bonitas que eu já assisti.

E sobre a bandeira, realmente era uma injustiça com o povo russo que perdeu mais de 25 milhões de pessoas. Tudo bem que não é mais a URSS, mas a maioria dos que morreram eram russos e eu determinei que as bandeiras de todos os aliados fossem participar do desfile. Fiquei surpreso de saber que há muito tempo havia este debate, se botava a bandeira russa ou não.

E por que não hasteavam a bandeira da União Soviética antes?

Eu acho que era ainda em função do resquício da Guerra Fria e alguns adotaram essa prática, na minha opinião, indevidamente. Mas eu acho que isso está superado. A bandeira já esteve e lá e estará em todas as outras homenagens de 8 de maio.

Antes de vir para cá eu passei em Pistoia (Itália) e visitei o monumento aos brasileiros mortos aqui em território europeu. Tivemos mais de 450 mortos, fora os mortos na marinha mercante ou marinha de guerra, que são mais 1500. Para mim era importante participar, porque o Dia da Vitória, em minha opinião, num mundo conturbado como está hoje, deve ser cada vez mais lembrado.

Fonte: Sputinik