CPI visita estados com maiores casos de violência contra negros  

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que debate as causas da violência contra jovens negros e pobres visitou o Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (4), dando início às diligências que fará nos estados com maior número de casos de violência contra a juventude negra. Ela volta a se reunir na tarde desta terça-feira (5) para debater o tema com especialistas, na sexta audiência promovida pela comissão.

CPI visita estados com maiores casos de violência contra negros - Agência Câmara

A CPI já ouviu representantes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, da Anistia Internacional, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o autor da pesquisa do Mapa da Violência, Julio Jacobo.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que a CPI já foi devidamente abastecida de dados estatísticos sobre a violência. Ele destacou a importância dos depoimentos dos parentes das vítimas, que ajudam a mostrar como "os números frios se refletem na vida real".

No Rio de Janeiro, os membros da CPI visitaram o complexo de favelas do Alemão, na zona norte. As vítimas de violência pediram aos integrantes da CPI a implementação de políticas públicas em áreas sob influência de traficantes e milicianos.

Os deputados ouviram representantes do Instituto Raízes e Movimento, formado por jovens moradores do Alemão, e de uma escola vizinha à UPP e que traz marcas de disparos de tiro. Eles denunciaram que alunos e professores costumam ficar no meio de fogo cruzado.

Segundo dados do Instituto Raízes e Movimento, o Complexo do Alemão abriga cerca de 20 mil jovens entre 15 e 29 anos que precisam da efetivação das políticas públicas já prometidas pelas autoridades do estado e do município.

Os moradores argumentaram que o combate à violência em comunidades passa, principalmente, pela efetivação de políticas públicas, sobretudo ligadas a educação, creche e saúde.

Apesar de contar com uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) desde maio de 2012, o Alemão ainda é palco constante de confrontos entre policiais e traficantes, que deixam um rastro de vítimas.

Os casos mais recentes e emblemáticas, ocorridos entre março e abril, foram as mortes do menino Eduardo Jesus Ferreira, de 10 anos, e da dona de casa Elizabete Francisco, de 41, supostamente atingidos por tiros de policiais da UPP.

Audiência pública

A CPI também promoveu audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde foram ouvidos representantes de movimentos sociais e de direitos humanos, da Defensoria Pública e do Parlamento estadual, com foco nas famílias de vítimas da violência.

O deputado Paulão (PT-AL) informou que foram ouvidas, principalmente, as mães de filhos que foram vítimas de violência praticada por policiais. Segundo o deputado, os inquéritos sobre esses crimes “não caminham”.

A próxima diligência da CPI será na semana que vem, na Bahia.

Do Portal Vermelho
De Brasília, com Agência Câmara