Ricardo Antunes: PL 4330 é o mais virulento ataque aos direitos

A edição da revista IHU On-Line, do Instituto Humanitas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, do Rio Grande do Sul, aborda em sua matéria de capa as consequências do Projeto de Lei 4330, aprovado pela Câmara dos Deputados, que radicaliza a possibilidade da terceirização do trabalho que atinge a atividade-fim das empresas. Com entrevistas com intelectuais acadêmicos de diversas áreas, a revista aponta que terceirização vai provocar a flexibilização da legislação trabalhista.

Ricardo Antunes professor da Unicamp

O renomado sociólogo Ricardo Antunes, professor da Unicamp, afirma que a aprovação da terceirização leva os trabalhadores a condição análogas à escravidão.

“O PL 4330 é o mais virulento e forte ataque do empresariado aos direitos do trabalho obtidos ao longo de um século e meio de lutas”, pontuou Antunes. Segundo ele, o projeto representa a terceirização global do trabalho. “Quando os defensores dizem que a lei da terceirização vai garantir o trabalho é, naturalmente, um discurso falacioso e falso. Esse projeto nasceu para reduzir salários, reduzir direitos, aumentar a rotatividade, demitir mais facilmente a classe trabalhadora. Estes são os fundamentos”, enfatiza Antunes.

O também sociólogo Giovanni Alves, professor da Unesp, lembra que desde 1990, a partir dos governos Collor e FHC, “ocorre um processo lento e progressivo de desmonte da CLT”.

Para ele, a terceirização e a resistência do empresariado em ampliar direitos trabalhistas e reduzir jornada de trabalho “fazem parte de um fenômeno mundial próprio da temporalidade histórica do capital em sua fase de crise estrutural — com nuances locais”.

Graça Druck, professora de Sociologia da Universidade Federal da Bahia, resgata que a tentativa de enfraquecer a legislação trabalhista é histórica no Brasil. Segundo ela, a CLT “incorporou um conjunto de direitos sociais e trabalhistas reivindicados pela classe trabalhadora”, mas “estudos mostram, desde aquele momento, que a reação do empresariado brasileiro foi a de não aceitar, não aplicar, de burlar e condenar o enrijecimento dessa legislação”, o que continuar a acontecer visto a cotação no Congresso.

“Nas 101 propostas de modernização trabalhista’ da CNI, cuja principal ‘proposta’ é estabelecer o ‘negociado sobre o legislado’, ou seja, o fim da CLT”, disse a professora.

Do Portal Vermelho, com informações revista IHU On-Line