Bancada ruralista prova seu interesse em legislar contra a população

A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta terça-feira (28), o Projeto de Lei que derruba a obrigatoriedade de rotular alimentos com ingredientes transgênicos. Com a lei atual, todo alimento composto por Organismos Geneticamente Modificados (OGM) deve receber uma etiqueta no formato de um triângulo com a letra “T” que indica ao consumidor a origem do produto.

Por Mariana Serafini

Alimentos transgênicos - Reprodução

A bancada ruralista, responsável pelo projeto, agiu nitidamente em benefício do empresariado, afinal, o consumidor não ganha, absolutamente nada em ser menos informado sobre o que está consumindo. O deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), relator da matéria na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio não hesitou em afirmar que sim, legislou em benefício próprio. “Nós não podemos, nós mesmos, criar obstáculos para o consumo dos nossos produtos. O agronegócio é que alimenta o país”, disse.

Ou seja, a Casa de Leis agora é usada como um facilitador de investimentos empresariais. No momento em que um parlamentar usa seu mandato para criar um PL cujo objetivo é derrubar “obstáculos para o consumo” de seus produtos, como ele mesmo diz, o voto popular perde totalmente sua soberania.

Não só em benefício próprio agiu este senhor Valdir Colatto, mas também em defesa do lucro do setor empresarial que, obviamente, é a menor parcela da população. Enquanto isso, o artigo 6º do Código do Consumir, que prevê o direito à informação sobre o que se está adquirindo ao comprar um produto, é totalmente desrespeitado.

Quando passaram a ser usados no Brasil os alimentos transgênicos, a desculpa era de que, por serem mais resistentes, utilizariam menos agrotóxicos. O que temos hoje é completamente o oposto disso, as plantações transgênicas não só precisam de mais agrotóxicos, como também de agentes mais fortes.

De acordo com o Dossiê Abrasco, publicado nesta terça-feira (28), cada brasileiro consome, em média, 7,3 litros de agrotóxicos por ano. Muitos destes, proibidos em outros países porque já há comprovação da OMS de que são extremamente nocivos ao organismo humano.

Só entre 2007 e 2014 o país registrou mais de 30 mil casos de intoxicação por agrotóxico, entre os problemas causados à vida humana estão mal formação de feto, câncer, disfunção fisiológica, problemas cardíacos e neuronais.

Com a pouca fiscalização, o uso irrestrito e excessivo de agrotóxicos só aumenta. Diante deste cenário extremamente preocupante, a Bancada Ruralista tem a empáfia de fortalecer ainda mais o agronegócio irresponsável e deixar o consumidor – que já não conta com muitas alternativas – cada vez mais refém.

Do Portal Vermelho