Militantes de Ijuí, Ajuricaba e Nova Ramada debatem teses em Ijuí

A plenária Ijuí da 10ª Conferência Nacional do PCdoB, realizada nesta sexta-feira 24, teve a presença de militantes de Ijuí e Ajuricaba e do Vereador do Partido em Nova Ramada, Gilmar Martins, que compôs a mesa com o Presidente do Partido em Ijuí, Junior Piaia, a Vereadora Rosane Simon e o Vice-presidente estadual Adalberto Frasson.

A plenária foi aberta por Piaia que explicou os objetivos da conferência nacional, convocada pelo PCdoB após as eleições em 2015 com a intenção de realizar um debate de conjuntura, especialmente com o avanço do campo político conservador no país. Imediatamente Piaia passou a palavra para Adalberto Frasson, que fez um relato resumo do Projeto de Resolução elaborado pelo Comitê Nacional, com o tema “Frente ampla em defesa do Brasil, do desenvolvimento e da democracia” e que contem as teses para a 10ª Conferência Nacional.

“Poucos partidos no Brasil, nos dias de hoje, fazem o debate político aberto com o povo, por isso quero saudar a todos os presentes que numa sexta-feira se dispuseram a este debate sobre a situação do país” disse Adalberto, saudando os presentes.

Adalberto falou da sucessão no comando do Partido. A Deputada Federal Luciana Santos (PE) assume a presidência, tornando-se a primeira mulher a presidir um partido no Brasil. “É uma questão fundamental, principalmente na política, porque apesar de serem maioria na sociedade, as mulheres não ocupam os espaços de comando com a mesma intensidade da sua participação na sociedade”.

Iniciando seu relato sobre as teses para a conferência, Adalberto Frasson configurou o atual quadro político como confuso e comparou o momento ao clima vivido por Getúlio Vargas, antes do seu suicídio. “A direita ainda não aceitou a derrota eleitoral e tenta interromper o 4º mandato do campo popular ou então impedir que se governe o país”, disse.

Ele lembrou que o país passou por mudanças importantes e que o pano de fundo do atual momento é a crise econômica do capitalismo mundial. “É verdade que o Brasil estava melhor no ano passado, mas o mundo inteiro ainda sente os reflexos decorrentes da crise em 2008, que atingiu os EUA em cheio e fez um estrago enorme nos países desenvolvidos, causando altas taxas de desemprego na Europa, por exemplo. Inicialmente o país passou pela crise sem grandes consequências, porque medidas econômicas e sociais foram tomadas pelo governo, medidas que tiraram 40 milhões de pessoas da pobreza e aqueceram a nossa economia. Mas a partir do ano passado esta crise atingiu com mais força os países em desenvolvimento, que já não tinham o mesmo fôlego para enfrentá-la”. Adalberto citou algumas situações que não foram tratadas pelos governos Lula e Dilma, como os problemas taxa de câmbio e de juros, que afetam diretamente o setor produtivo no país e a questão tributária desigual, que afeta as camadas populares.

Crise econômica agrava a crise política
“A crise na economia agrava a crise política, já que alimenta a insatisfação da população. As forças da oposição aproveitaram esse momento e intensificaram a sua agenda de retrocesso nas conquistas sociais e de retorno ao modelo econômico neoliberal”, explicou.

Adalberto defendeu que o governo precisa recompor com os partidos de sua base, especialmente com o PMDB, que em alguns momentos faz franca oposição ao governo, citando o exemplo do atual Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. “Além disso, vivemos também uma crise institucional na qual o estado, o congresso e o judiciário interferem nos poderes um do outro. Os poderes da república não se entendem mais e cada um faz o que quer”, disse, exemplificando a questão com o caso da polícia federal do Paraná e das ações do Juiz Sérgio Moro, realizadas seletivamente a fim de atingir o PT.

“Casos de corrupção como o da Petrobras vem desde o governo Fernando Henrique e as instituições não investigam esse período anterior ao governo Lula. O real objetivo das investigações e da divulgação que estas investigações ganham da mídia monopolista não é acabar com a corrupção, é promover o golpe e atingir o campo progressista de esquerda”, lembrou.

Primeiramente defender a democracia
Para o PCdoB, a maneira de sair desta conjuntura é primeiramente defender a democracia neste contexto em que as forças conservadoras do país, apoiadas pelos interesses estrangeiros especialmente sobre nossas reservas de petróleo, tentam viabilizar o golpe. “Temos que defender o mandato legítimo da presidenta Dilma, conquistado na urna, e barrar o golpe. Para isso, o momento exige a construção de uma frente ampla, que reúna os setores progressistas e as pessoas que querem defender a democracia, defendendo em primeiro lugar o mandato da presidenta Dilma e a soberania do país sobre suas riquezas”.

Adalberto ressaltou a diferença entre o governo e o mandato da Presidenta. “Ao governo devemos continuar a fazer as críticas necessárias, como temos feito quando o governo erra, mas precisamos defender a Presidenta e o mandato legítimo e democraticamente conquistado”. Adalberto citou as medidas provisórias 664 e 665, que determinam entre outras questões novas regras para acesso a benefícios previdenciários como abono salarial, seguro desemprego e auxílio doença, contra as quais o PCdoB se mobiliza. Além disso, Adalberto Frasson lembrou que a aprovação da PL 4330 da terceirização, pelo Congresso Nacional, mostrou ao povo quem é quem e deu novo folego a luta social.

Luta contra a corrupção é uma luta de todos
Junior Piaia retomou a palavra e salientou que o PCdoB sempre foi contra e luta contra a corrupção porque ela, primeiramente, atinge o povo. “É o povo que sofre com o dinheiro que falta na saúde e na educação. Agora não podemos cair na ingenuidade de achar que a corrupção começou ontem é que tenha só uma parcela da classe política que é culpada de atos de corrupção. É preciso investigar, julgar e punir”.

Piaia e Adalberto defenderam que o momento é de ir para as ruas e de conversar com as pessoas. “Nós temos que sinalizar para a presidenta que estamos de acordo com as reformas e mostrar para ela que precisamos avançar com questões importantes como o fim do financiamento das campanhas políticas pelas empresas, que é a verdadeira causa da corrupção”, disse Piaia.

Em seguida a plenária foi aberta para intervenções que relembraram as conquistas dos governos Lula e Dilma e a necessidade de defendê-las, mostrando as diferenças entre os governos. As intervenções reforçaram a necessidade da luta na defesa da democracia e a luta dos trabalhadores, especialmente contra o PL 4330 e contra as MP's 664 e 665.

Finalizando a plenária, Adalberto Frasson reforçou os desafios expressos nas teses da conferência nacional, em especial a necessidade de se trabalhar por uma ampla frente de esquerda que garanta a legalidade, a democracia e o do mandato presidencial, na defesa do Brasil e da Petrobras, esclarecendo a população sobre o que está realmente em jogo, que é a volta do neoliberalismo.

Além disso, há o desafio de organizar o Partido para as eleições em 2016. “Não sabemos o que pode acontecer daqui para frente. Há o debate da reforma política que pode mudar as regras das eleições e há a disputa dos partidos conservadores que querem uma reforma com menos democracia”, disse.

Adalberto reforçou também a necessidade imediata de que o PCdoB assuma uma agenda de organização para o pleito em 2016. Em relação as eleições municipais em Ijuí, o Partido chega com força e algumas conversas são encaminhadas. Considerando as questões da conjuntura política que devem definir os rumos de uma possível candidatura de Junior Piaia a prefeito, Adalberto disse que apenas uma coisa é certa, lembrando o Deputado Federal Darcísio Perondi, que prega abertamente o golpe e que apoiou a candidatura do PCdoB na cidade, nas duas últimas eleições. “Não estará conosco quem não estiver do lado da defesa da democracia, dos trabalhadores e trabalhadoras e da soberania do pais”, concluiu.