Farc-EP e governo colombiano concluem 35º ciclo pela paz

As Farc-EP e o governo da Colômbia concluem nesta segunda-feira (20) o 35º ciclo do diálogo pela paz, em conflito que já dura mais de 50 anos.

Guerrilha diálogo de paz

O debate deste ciclo esteve centrado no tema das vítimas e, durante os encontros, a delegação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP) que participa nas conversas de paz pediu a apresentação dos arquivos para que o mundo conheça a verdade.

"Não há possibilidade alguma de esclarecer, nem de aproximar a verdade do ocorrido na Colômbia durante o longo conflito político e armado, se a sociedade não tem a oportunidade de acessar as fontes de informação", sublinha um comunicado divulgado aqui pela guerrilha.

"É indigno dos poderes públicos impedir ao povo o conhecimento dessa história, única forma de não voltar a repetir os erros e horrores do conflito", assinala o texto.

A reconciliação – aponta – deve ser construído sobre a verdade do ocorrido, não sendo possível atingi-la unicamente com as explicações e argumentos que cada uma das parte possamos alegar.

Desclassificar e garantir o acesso à totalidade dos documentos reservados do Estado relacionados com as violações de direitos humanos e crimes de lesa humanidade ocorridos durante o conflito é uma reivindicação legítima, prossegue o comunicado.

Abrir os arquivos documentários sobre o conflito não é um desejo das vítimas, também não é uma medida extraordinária ou uma simples ocorrência das Farc-EP.

Pedimos ao governo colombiano que atenda o mais rápido possível e de forma plena, esta exigência das vítimas do conflito e do direito internacional.

Acreditamos que as instituições, para além de estarem obrigadas a zelar pelo estrito respeito às normas nacionais e internacionais conforme seus respectivos mandatos, devem também fazê-lo como demonstração de reconhecimento e compromisso com as vítimas.

Os insurgentes chamaram a uma reflexão nacional sobre a necessidade de parar a guerra para avançar na construção de um acordo de paz.

O porta-voz da delegação insurgente aos diálogos que se desenvolvem em Havana desde 2012, Pastor Alape, condenou os combates que foram realizados no domingo (19) na região do Cauca, os quais considerou consequência da incoerência governamental de ordenar operações militares contra uma guerrilha em trégua.

Se realmente querem avançar na construção de um acordo de paz, "que não tenham mais mães que tenham que levar seus filhos aos cemitérios", expressou.

Apontou que o mandato dos colombianos é seguir com o cessar-fogo, preferencialmente bilateral, e chamou o presidente Juan Manuel Santos para que entenda que essa medida é urgente para a nação que está aguardando essa notícia.

Fonte: Prensa Latina