Oposição golpista e mídia admitem: Impeachment foi derrotado

A direita golpista, com apoio da grande mídia, tentou, mas as manifestações deste domingo (12) não atingiram a dimensão que eles planejavam. Tanto os jornais como as emissoras de TV e rádio reconheceram que o número de participantes foi muito menor e, principalmente, admitiram que a bandeira do impeachment não colou.

Por Dayane Santos, do Portal Vermelho

Ato golpista 12 de abril de 2015 - Paulo Pinto

Como juridicamente não há fatos que possam levar a tal procedimento – o STF já afirmou não haver nenhum indício do envolvimento da presidenta Dilma Rousseff em qualquer caso de corrupção – e politicamente não existe espaço, a oposição tucana e a mídia buscaram tentar construir o caminho do golpe pelas ruas. Deram com burros n’água.

Como aconteceu em 15 de março último, a mídia aderiu à tese golpista e seguiu o mesmo roteiro com entradas ao vivo de diversos estados durante toda a programação de domingo para passar a ideia de uma manifestação “espontânea” e de “clima familiar”. Resultado do inconformismo com a derrota nas urnas, a oposição tentava emplacar um terceiro turno a todo custo.

Além da bandeira do impeachment, o ato pedia a intervenção militar e o fim do PT. Na Avenida Paulista, dos 14 trios elétricos, três faziam a defesa da intervenção militar. Com esse caráter antidemocrático o resultado foi que a mobilização murchou.

Esse esvaziamento fez com que, oportunisticamente, nem mesmo os tucanos dessem as caras.

Descolados da realidade

Manifestantes em São Paulo ficaram frustrados ao encontrar uma loja do Starbucks fechada por falta d’água.
O descolamento das bandeiras desses movimentos com os anseios da população é tão grande que até entre os manifestantes o sentimento era de incredulidade em relação à possibilidade de impeachment. Segundo pesquisa Datafolha, apenas 13% saíram de casa com a intenção de pedir o impeachment da presidente, e mesmo estes acham que ela não será afastada.
 

Com a tese de impeachment cada vez mais enfraquecida os tucanos resolveram não aparecer, o que foi considerado por seus aliados como um gesto de arrego. O colunista Ricardo Noblat, em sua coluna online, publicada na madrugada desta segunda-feira (13), lamentou: “Movimento algum se mantém aceso à falta de quem o dirija. Nem aqui nem em parte alguma”. O colunista completou afirmando o que já sabemos há muito tempo: “O PSDB quer o povo a reboque. A seu lado, não. Dá urticária. No máximo, admite cavalgá-lo”.

Insuflados pelos tucanos, os movimentos cuja principal bandeira é extinguir o PT, como o Vem pra Rua, do empresário Rogério Chequer, e o Movimento Brasil Livre, de Kim Kataguiri, também choraram as pitangas, dizendo que “Aécio sumiu”. Esta reclamação é recorrente contra o presidente nacional do PSDB. O músico Lobão, que também anda sumido, chegou a dizer que estava “pagando de otário”, por conta da ausência de Aécio em atos realizados pouco depois do segundo turno das eleições.

Vale ressaltar que a pesquisa Datafolha apontou que uma em cada dez pessoas presentes no ato foram para protestar contra o PT, sendo que 83% dos participantes declaram ter votado em Aécio Neves (PSDB) e apenas 3% em Dilma.

Corrupção

Diferentemente da palavra de ordem dos líderes que defendem o golpe pelo impeachment, o motivo mais citado pelos participantes foi indignação com a corrupção, apontado por 33% dos entrevistados.

Outro dado apontado pela pesquisa é que 86% preferem a democracia a uma ditadura, regime que é apoiado por 9% dos que estiveram na Paulista. Para 3%, tanto faz democracia ou ditadura.

Papel das forças progressistas

Mas não devemos atribuir o resultado minguado deste ato somente a oposição golpista. As forças progressistas, principalmente os movimentos sociais, desmascararam a tese da grande mídia de “manifestações espontâneas” e defesa do Brasil.

Além disso, a presidenta Dilma e seus ministros travaram com um pouco mais de eficiência a batalha da comunicação. Dilma, particularmente, saiu em defesa do direito de livre manifestação e reafirmou que a indignação com a corrupção era um sentimento legítimo. Mas não deixou de afirmar que a corrupção era “uma velha senhora” e denunciar o intento da oposição de transformar o ato em um terceiro turno. Dilma também reafirmou seu compromisso com a apuração dos fatos, a punição dos culpados e a defesa da Petrobras.

Desta vez não foi diferente. “O governo encara com naturalidade as manifestações, são naturais num país democrático como o Brasil. Teve menos gente nas ruas hoje [domingo], mas são manifestações representativas e legítimas”, disse o ministro Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação Social.

O ministro destacou que as manifestações expressam um desejo da população por mudanças nos rumos da política. “Existe um descontentamento geral com a política e isto acaba se voltando contra a figura central da República”, salientou.

O vice-presidente e responsável pela articulação política do governo, Michel Temer (PMDB-SP), também destacou que o fato de ter “menos gente nas ruas não significa que os eventos não foram importantes”. Para ele, o governo "tem de estar atento à mensagem que vem das ruas”.

Outros desafios

Essa foi apenas uma etapa da batalha. Fortalecer o campo progressista e buscar a unidade em torno de bandeiras são algumas das tarefas postas.

Nesse intuito, as centrais sindicais e movimentos sociais prometem ocupar as ruas na próxima quarta-feira (15) contra o projeto de terceirização, aprovado pela Câmara dos Deputados, em defesa dos direitos sociais e trabalhistas e do mandato da presidenta Dilma. Será mais um passo importante no fortalecimento de uma agenda pautada na defesa e da democracia e pela retomada do desenvolvimento nacional.

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