PTB rejeita fusão imediata com DEM e impõe derrota a Agripino

Após a cúpula do DEM anunciar a aprovação da fusão com o PTB, a executiva nacional do partido rejeitou a junção imediata das duas siglas e por maioria, a direção decidiu consultar as bases até setembro.

Agripino Maia

A decisão é uma derrota política imposta ao senador Agripino Maia (DEM-RN) e à deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), articuladores da fusão, que a anunciaram como fato consumado, divulgando inclusive o nome da nova legenda: PTB-25, a logomarca de um e o número do outro.

O balde de água fria foi lançado pelo líder da bancada na Câmara, Jovair Arantes (PTB-GO), que apoia o governo Dilma e se posiciona contra a fusão, acompanhado pelo ministro Armando Monteiro Neto (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), também do PTB.

Em entrevista à Rádio 730, de Goiânia, Jovair afirmou que a fusão seria uma espécie de aliança entre o ex-presidente Getúlio Vargas, patrono do trabalhismo no Brasil, e seu principal adversário, o ex-governador Carlos Lacerda.

Preocupação direitista

O desespero de Agripino e de uma ala do PTB ligada ao ex-deputado federal Roberto Jefferson – cuja filha, a também deputada federal Cristiane Brasil (RJ), atual presidente do PTB – é por conta das eleições de 2016.

A anomalia criada é uma tentativa de sobrevivência desse grupo direitista que respira com ajuda de aparelhos, nesse caso representada pela mídia e o poder econômico para manter-se.

Aliado histórico do PSDB, o DEM vem definhando nos últimos anos com perda de quadros e espaço político. Em março de 2007, o partido já havia se refundado em substituição ao Partido da Frente Liberal (PFL).

Atolado em denúncias de corrupção com inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador José Agripino Maia, atual presidente do DEM, decidiu no acordo com o grupo do PTB abrir mão da presidência, mas manteria as lideranças do partido na Câmara e no Senado como representantes da nova legenda. A filha do ex-deputado federal Roberto Jefferson, Cristiane Brasil, assumiria a presidência da nova legenda.

Caiado expõe briga interna

O senador e líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), expôs o vexame e os conflitos internos do partido direitista. “Vexame. O PTB deu lição de coerência ao DEM. E com 25 votos (o número do nosso partido). De uma bancada de 26 deputados e três senadores. Eu disse ontem que essa fusão era um erro. Precisou o PTB governista dar uma chacoalhada no DEM oposicionista e cobrar coerência”, escreveu o senador em seu perfil no Twitter. “Que constrangimento a nossa executiva impôs ao DEM. Rejeitado pelo PTB governista”, acrescentou.

Caiado constata que junção é uma “tese imediatista” e que representa a extirpação do DEM. Mas o que incomoda mesmo Caiado é o fato de parlamentares do PTB apoiarem o governo. “Como 26 deputados oriundos do PTB vão votar com o governo e 21 do Democratas serão oposição? Não dá pra eu participar e conviver com essa fusão”, declarou ele, fazendo uma crítica ao seu aliado Agripino. “Vou fazer todo tipo de mobilização. Fazer uma consulta e uma pesquisa com os filiados. Decisão de cúpula não dá”, afirmou.

Segundo o senador goiano, o DEM, após ter sua bancada drasticamente reduzida com a criação do PSD, de Gilberto Kassab, está deixando prevalecer “a tese de Lula: o Democratas sendo extirpado pelo próprio partido”.

Do Portal Vermelho, com informações de agências