PUC-Campinas apura racismo de estudantes nas redes sociais

A PUC-Campinas irá apurar uma denúncia de racismo feita contra alunos do curso de direito. De acordo com a denúncia, os estudantes usaram um grupo no Facebook, chamado Direito PUC-Campinas, para publicar comentários e fotos com alusão à Ku Klux Klan e insultos após uma aluna reclamar da divisão de gêneros nas aulas de futebol e ser defendida por um aluno negro. Com a polêmica, parte do conteúdo foi apagado.

PUC-Campinas apura racismo de alunos de direito nas internet - Foto Montagem

A postagem que desencadeou os insultos foi feita em 27 de março e, até a última quinta-feira (2), recebeu mais de 560 comentários. A reclamação da divisão por gênero nas aulas de futebol se tornou tema secundário quando um aluno negro saiu em defesa da estudante. Só então, parte dos alunos responderam ao post com fotos e mensagens de teor racista.

Em resposta, outro grupo de alunos ameaçou registrar os comentários para fazer a denúncia, mas isso não impediu que os "memes" com negros fossem publicados. Apenas após seis dias de discussões na rede social, os administradores do grupo excluíram os tópicos.

Dentre os comentários, estão referências à organização racista Ku Klux Klan, com a mensagem "A tocha da Ku Klux Klan chega a tremer". Em outra, há uma foto de um professor negro e a frase "Professor, poderia ser mais claro?" Outro negro, sem os braços, aparece junto à frase "Nego não se toca". Uma imagem com o cantor Michael Jackson acompanha a mensagem "Nego é esclarecido".

Nota de Repúdio

O Centro Acadêmico de Direito da universidade publicou nota em repúdio ao episódio. “Machistas, racistas, homofóbicos, não passarão! O discurso de ódio disfarçado de “piada” e “brincadeira” naturalizou, deu aval e legitimou muitas atrocidades na história da humanidade.” O CA, no mesmo texto, compartilhou uma nota publicada pelo próprio estudante. De acordo com o texto do aluno, os estudantes consideravam as postagens uma “brincadeira” e não racismo.

“Eles brincam com a minha etnia de modo depreciativo, eles usam imagens extremamente simbólicas como a ds Ku Klux Klan, eles ignoram qualquer processo histórico ou cultural, eles riem enquanto eu choro e ainda querem definir o que sofro ou não? A história da minha etnia não é humor. As consequências sociais da nossa história não é um passatempo. Minha melanina não é motivo para hipersexualização. Não há graça nem humor em toda essa história e sim uma juventude problemática, hipócrita e cronicamente racista. Seu mimimi é a nossa história, seu vitimismo a nossa dor" conclui a nota.

Com agências