Brasil participa e é homenageado no Salão do Livro de Paris

Uma literatura diversa, criativa, madura, com condições de se posicionar cada vez melhor no debate literário internacional. Foi isso o que se viu nos quatro dias de atividades do Salão do Livro de Paris, de 20 a 23 de março, e que teve o Brasil como país homenageado.

Por Jéferson Assunção*, no Portal do MinC

Brasil faz bonito no Salão do Livro de Paris

A inauguração do pavilhão brasileiro pela ministra da Cultura da França, Fleur Pellerin, junto com o nosso ministro da Cultura, Juca Ferreira; a visita do presidente francês François Hollande; do primeiro ministro Manuel Valls e do ex-primeiro-ministro François Fillon, entre muitas outras personalidades do mundo cultural e político da França, deram enorme prestígio às belas instalações das letras nacionais na capital francesa. Outro dado importante foi o interesse da imprensa brasileira e internacional no evento, seja acompanhando as mesas seja na entrevista coletiva concedida pelo ministro Juca Ferreira.

Foi tema de destaque a crescente internacionalização da literatura brasileira nos últimos 12 anos, com a participação como país homenageado, na Feira de Frankfurt 2013, a maior do mundo, e Bolonha 2014, a mais importante feira de literatura infanto-juvenil. Também Santiago do Chile, em 2007, Santo Domingo em 2009 e Bogotá em 2012. O interesse pelo Programa de Traduções da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), mais uma vez se refletiu. O Programa concedeu 770 bolsas de 1991 a 2014; destas, 543 entre os anos de 2011 e 2014 (70% do total). Hoje, apenas pelo programa da FBN, 290 autores brasileiros estão publicados em 47 países, num total de investimentos do Ministério da Cultura de cerca de R$ 4,5 milhões de reais (contando apenas o investido a partir de 2011).

A ação articulada entre Ministério da Cultura, Ministério das Relações Exteriores e Câmara Brasileira do Livro (CBL), levou autores novos e consagrados para mesas concorridas, onde se debateram além das obras de nossos escritores, também sua relação com a diversidade cultural do país, vivências, a carreira do escritor, territórios, a riqueza da literatura brasileira e o desenvolvimento de políticas de livro e leitura e de intercâmbio cultural. Funcionou de maneira exemplar o trabalho curatorial, com critérios que certamente ajudaram a dar um bom panorama da literatura produzida no Brasil de hoje.

Com curadoria da escritora Guiomar de Grammont, nossos autores levaram para as concorridas mesas um sólido debate sobre a literatura brasileira da atualidade. Mostrou-se acertada a forma de representatividade regional, o equilíbrio de gênero (masculino e feminino), a diversidade étnica e cultural, de gêneros literários e ciências humanas, equilíbrio entre autores consagrados e novos e preferencialmente com obras traduzidas para o francês. O Pavilhão esteve o tempo todo lotado de um público interessado e participativo nas atividades. O Brasil fez bonito no Salão do Livro de Paris porque mostrou sua diversidade de maneira equilibrada, democrática e republicana.

*Jéferson Assunção é escritor, diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura.