"Postura de Gilmar Mendes é vergonhosa", afirma Broch em ato no STF    

"Postura de Gilmar Mendes é vergonhosa e mostra, claramente, uma ação política dele e não técnica", declarou ao Portal Vermelho Alberto Broch, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), durante ato realizado em frente do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (25), que cobra o devolução, pelo ministro Gilmar Mendes, do processo que versa sobre a proibição do financiamento empresarial de campanhas políticas.

Por Joanne Mota

 

 

Ato STF - Reforma Política - Foto: Joanne Mota

Desde 2 de abril de 2014 o julgamento foi interrompido, após pedido de vistas do processo pelo ministro Gilmar, quando a votação apontava 6 votos a 1 pelo fim do financiamento de campanha por empresas.

Através de uma ação teatral, as entidades presentes externaram sua crítica à postura de Mendes. "O ato reflete, de forma concreta, a unidade das principais entidades brasileiras. O momento é de engajamento para ocupar as ruas em torno da reforma política. Essa é uma pauta positiva, o Brasil não pode mais conviver ou ficar refém do atual sistema político", defendeu Broch.

Ele ainda falou do papel do Congresso nesse processo. "A reforma que o Congresso está encaminhando é uma reforma retrógrada. Com ela, eles podem institucionalizar o financiamento empresarial de campanha. A postura do ministro Gilmar Mendes é vergonhosa e mostra, claramente, uma ação política dele e não técnica", declarou o presidente da Contag em entrevista ao Portal Vermelho.

Foto: Joanne Mota

Na mesma linha, o representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Marcelo Lavenère, questinou os motivos que retardam a decisão de Mendes neste processo. "Essa postura compromete a boa imagem do STF e da Justiça brasileira. Há um ano, o pedido de vistas de Gilmar Mendes segura o avanço do processo. Ele não tem o direito de fazer isso, sua condura prejudica a democracia", ressaltou Lavenère ao Vermelho.

Ao comentar sobre a relação entre o ministro Gilmar Mendes e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o representante da CNBB destacou que "fala-se que há um acordo entre o ministro e o presidente da Câmara, em que a retenção do processo, pelo ministro, é uma condição essencial para que Eduardo Cunha acelere um projeto retrógrado na Câmara. Esse projeto é a reforma da vergonha, da corrupção".

Foto: Joanne Mota

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, também estava presente e reafirmou a importância dessa reforma para a garantia das conquistas e o avanço do país.

Ele reforçou: "Não podemos aceitar que os interesses empresarias estejam acima do interesse do povo brasileiro. É nítido que quem ganha com a atual situação social é somente os grandes grupos econômicos. As empresas não votam, mas se inserem na esfera política e isso desequilibra as regras do jogo e enfraquece a democracia".

Para ele o esdrúxulo sistema eleitoral edifica uma ambiente de instabilidade, contra a democracia e o avanço dos direitos. "O Congresso precisa refletir a realidade do Brasil. Essa reforma, bem como as demais que defendemos, é essencial para rompermos com problemas antigos e que insistem em se entranhar no seio social, impedimento o avanço e ações que possam diluir as desigualdades existentes há muito em nosso país".

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