Aliel Machado: É hora de sair em defesa da Petrobras     

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, divulgada no último fim de semana, revela que 61% dos brasileiros é contra a privatização da Petrobras. Ainda de acordo com a pesquisa, apenas 24% defendem a venda do controle da companhia.

Por Aliel Machado* 
 

 

Aliel Machado: É hora de sair em defesa da Petrobras - Agência Câmara

O resultado dessa mostra é um alento em meio à crise em que a empresa, criada há mais de 60 anos, está envolvida nos últimos meses. É um verdadeiro massacre midiático negativo, que arranha a imagem de um dos nossos maiores patrimônios, com denúncias, delações e prisões envolvendo um sistemático pagamento de propinas e sobrepreço em contratos por parte de empreiteiras e políticos que se beneficiavam com obras da estatal.

Na Câmara Federal, defendi desde o começo de meu mandato como deputado uma investigação ampla e rigorosa das irregularidades na empresa. Assinei, ainda no início de fevereiro, um aditamento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras para que a investigação se aprofunde ainda mais. Jamais irei me omitir a qualquer tipo de investigação, mas acredito que ela deve ser séria e punir com rigor os culpados pela corrupção, seja de qual partido forem.

E para que esse patrimônio continue contribuindo para o desenvolvimento do país, criamos no Congresso Nacional uma Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras. A frente, instituída esta semana, tem o parlamentar Davidson Magalhães (PCdoB-BA), como presidente.

Orgulho-me de ser um dos integrantes e coordenador da região Sul da Frente, que visa evitar a dilapidação do patrimônio e do nome da Petrobras, sempre tentada a entregar seu capital nas mãos de grupos que pouco ou nada tem a ver com a importância histórica da nossa companhia.

Mais do que geração de emprego e renda, a Petrobras é referência internacional em pesquisa, além de ser a maior empresa no setor petroleiro com capital aberto no mundo. Para se ter uma ideia, só na extração do pré-sal, a produção chegou a 700 mil barris por dia em 2014. Essa produção representa uma marca significativa na indústria do petróleo pelo fato de os campos se situarem em lâminas d’água profundas e ultraprofundas.

É preciso estar alerta, portanto, para o interesse de grandes grupos nacionais e internacionais pela desvalorização desse patrimônio, a fim de que a privatização pareça inevitável. Exemplos lamentáveis na história recente não faltam, como o que ocorreu com a Companhia Vale do Rio Doce, privatizada em 1997 durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

Na ocasião a Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, foi vendida ao capital privado por R$ 3,3 bilhões, mas calcula-se que o valor de mercado beirasse os R$ 90 bilhões. Há centenas de ações na Justiça questionando a privatização e pedindo a sua revisão.

Por isso é necessário propor um amplo debate entre o parlamento e a sociedade, a fim de resguardar a soberania da maior empresa de petróleo do país. Não podemos permitir que denúncias de corrupção venham a desvalorizar e a criminalizar a imagem de uma empresa de importância ímpar na história do país. E muito menos entregá-la nas mãos de quem não possui qualquer compromisso com o desenvolvimento nacional.

*É deputado federal pelo PCdoB do Paraná

Publicado originalmente no blogdodoc.com do jornalista Eduardo Farias