Tasso X Tarso: tucano reage com nervosismo às críticas do petista

As declarações do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, de que o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), preferiu negociar com o PCC do que aceitar a ajuda oferecida pelo governo federal irritaram

Genro criticou o ex-governador e pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, dizendo que ele estava querendo transferir a responsabilidade de seus erros para o governo do presidente Lula. As discussões entre o petista e o tucano é uma prévia de que o assunto de segurança pública será usado na campanha eleitoral, colocando a oposição na defensiva.

Mas o ministro refuta o uso do tema como mote de campanha. "Nós temos que tirar isso da pauta eleitoral e nos comportarmos como homens públicos decentes para enfrentar o crime e a violência no País", afirmou, enfatizando que "o governo federal ofereceu toda a ajuda possível, toda a ajuda necessária e o governo paulista, o governo do senhor Alckmin, preferiu negociar com os criminosos que aceitar a ajuda do governo", declarou após encontro com o vice-presidente da Câmara dos Deputados, José Thomaz Nonô, nesta quarta-feira (17).

Para Tarso, as críticas de Alckmin ao governo federal, de que o Ministério da Justiça diminuiu os repasses de recursos para os Estados e que a melhor ajuda seria liberar mais recursos, é uma tentativa de transformar a crise de segurança de São Paulo em uma questão eleitoral e não quer assumir sua responsabilidade no caos que tomou conta do Estado nos últimos dias.
 
"O governador Alckmin está fazendo uma transferência de responsabilidade. Ele deveria assumir as responsabilidades do que está acontecendo em São Paulo", afirmou. "Nós temos que, nesse momento, despolitizar essa questão ou não vamos tratá-la com seriedade. Parece que ele está querendo exatamente fazer isso".

Problema antigo

O ministro disse que a crise em São Paulo não começou agora, mas nas rebeliões da Febem – quando Alckmin ainda estava no cargo, que deixou para ser candidato à Presidência – e que o governo estadual não agiu. E ainda afirmou que Alckmin reduziu o investimento do Estado em segurança nos últimos cinco anos.

"São Paulo é um dos Estados mais ricos do Brasil. Tem financeiramente mais condições do que qualquer outro Estado para ter uma política de segurança pública adequada", disse. "Quando a crise acontece, a primeira tendência é transformar em uma questão eleitoral e transferir responsabilidade para o governo federal. É surpreendente, é lamentável que isso esteja acontecendo. Nós não podemos agir dessa forma. Nós devemos é nos unir para combater o crime e a violência", afirmou.

Tarso Genro disse ainda que a responsabilidade do governo federal com a segurança é apenas "supletiva", com a Polícia Federal, a mobilização da Força Nacional de Segurança e o Exército. "E isso só pode ocorrer quando os governadores requisitam, e o governador de São Paulo rejeitou", disse. "As pessoas têm que assumir, em momentos graves, a responsabilidade política pelo que fizeram enquanto estiveram no governo".

Xingamentos e ameaças

O senador xingou o ministro e ameaçou o governo ao comentar as declarações de Tarso Genro. Jereissati disse que a oposição vai cortar o diálogo com o governo "que tem um ministro irresponsável e leviano". Segundo ele, o presidente Lula deveria pedir "a esse homem" que desminta o que disse ou então que o demita. "Ele (Tarso) não tem moral, é um dos maiores irresponsáveis e levianos, só pensa em poder", disse Jereissati.

Ele lembrou que Alckmin não é mais governador de São Paulo e que o ministro estaria fazendo política de baixo nível, de leviandade, falando em cima de especulações sobre a negociação do governo paulista com o crime organizado.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (PSDB-AM), também ameaçou obstruir as votações na Casa, enquanto Genro não se retratar.

Com agências