Festival de teatro em São Paulo aborda tensão em zonas de conflito

A tensão nas zonas de conflito envolvendo Rússia e Ucrânia e Israel e Palestina é um dos temas da 2ª Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, evento que começa na sexta-feira (6) e apresentará 12 espetáculos de teatro da Rússia, Alemanha, Suíça, Inglaterra, Ucrânia, Holanda, Colômbia, Itália, Israel e Brasil. A mostra será encerrada em 15 de março.

Festival Internacional de Teatro de São Paulo - Ekaterina Tsvetkova

“A ideia não é ser uma mostra quantitativa, mas qualitativa. São espetáculos de companhias, grupos e diretores renomados mundialmente. A maior parte deles nunca esteve no Brasil”, disse Antonio Araújo, curador e diretor artístico da mostra.

Três eixos se destacam no festival deste ano, explicou o curador. Além das zonas de conflito, os espetáculos também abordam a relação entre teatro e cinema e fazem uma releitura de clássicos. “Estas questões atravessam as peças, mas não são os únicos temas apresentados”, ressaltou.

"O festival é uma concentração de espetáculos, atividades de pensamento e didáticas, diálogos e encontros. Em dez dias , isto vira uma panela de pressão, gerando um pequeno terremoto, polêmica e discussão”, acrescentou.
A novidade deste ano é uma coprodução internacional com a Holanda, com a estreia do espetáculo Canção de Muito Longe, dirigido por Ivo van Hove. A estreia mundial será no dia 10 de março e a parceria inédita permitirá que profissionais de artes cênicas acompanhem o processo de finalização da montagem e participem de aulas-conferências.


Da Rússia serão apresentadas as peças Opus nº 7, escrita e dirigida por Dmitry Krymov, e A Gaivota, clássico de Anton Tchekhov, com direção de Yury Butusov. A Ucrânia traz Woyzeck, do diretor Andriy Zholdak, contemplado com o Prêmio Unesco 2004 para as Artes Cênicas.

Também serão apresentadas as peças Stifters Dinge, dirigida por Heiner Goebbels, da Suíça; As Irmãs Macaluso, por Emma Dante, da Itália; Arquivo, criada por Arkadi Zaides, de Israel; Senhorita Julia, dirigida por Katie Mitchell e Leo Warner, da Inglaterra; Morrer de Amor, Segundo Ato Inevitável: Morrer e Matando o Tempo, Primeiro Ato Inevitável: Nascer, ambas dirigidos por Jorge Hugo Marín, da Colômbia; além de Julia, da diretora brasileira Christiane Jatahy, que também dirige a peça E Se Elas Fossem para Moscou?.

Os espetáculos serão apresentados em vários teatros da cidade, como o Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer, Teatro Sérgio Cardoso, Oficina Cultural Oswald de Andrade, Itaú Cultural e o Sesc Consolação, Ipiranga e o Flávio Império (zona leste).

Além das peças, a mostra também conta com outras atividades. Denominada Olhares Críticos, uma delas é uma série de ações para promover a formação do olhar dos espectadores. Em uma dessas ações, vários críticos comentam os espetáculos para veiculação impressa ou eletrônica.

“As críticas são encartadas e entregues ao público, distribuídas em filas ou dentro do jornal que o público recebe sobre a mostra”, explicou o curador, ressaltando que isso ajuda, por exemplo, a formar o olhar do público e até gerar críticas ou comentários sobre os espetáculos nas próprias filas.

A outra atividade é o Intercâmbio Artístico, que prevê ações entre artistas internacionais e brasileiros para troca de experiências. Também haverá debate especial para discutir o conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

Mais informações e a programação do festival podem ser obtidas no site do evento.

Fonte: Agência Brasil